Ainda nos resquícios do Carnaval, veio-me à memória um disco sobre o repertório de um dos maiores sambistas de sempre. Cartola - “o sambista do morro”.
Foi um dos maiores nomes de uma das mais populares escolas de samba do Brasil – a Mangueira, a escola que nasceu no morro com o mesmo nome, onde Cartola viveu desde muito cedo.
Cantou a vida, os amores, outros tantos desamores, e as mais belas letras da “estação primeira de Mangueira” - a sua “verde-e-rosa”.
Temas como “As Rosas Não Falam”, “O Mundo É um Moinho”, “Acontece”, ou “O Sol Nascerá”, fizeram com que Cartola fosse o responsável por um dos repertórios mais lindos da história do samba brasileiro.
Assim, os temas do poeta eram cada vez mais procurados pelos músicos para reinterpretações. De tributo em tributo, Cartola ia tendo a sua obra cada vez mais divulgada, até que, em 2002, aparece Ney Matogrosso, para então fazer a mais sentida homenagem ao “poeta do morro”.
É gravado o disco - Ney Matogrosso interpreta Cartola - onde todo o drama da voz de Ney é carregado para o disco, juntando-se então a vivência e sapiência da vida…do samba e do morro oferecida por Cartola.
Sob um poderoso arranjo instrumental, temas como “As Rosas Não Falam” ou “O Sol Nascerá”, mostram toda a força da voz de Ney, expressa na interpretação dos mais belos temas de Cartola.
Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 797 de 08 de Março de 2017.