Recomendação para ouvir: O amor-em-música do Konjunto di Zumbi.

PorPaulo Lobo Linhares,28 jul 2018 17:18

​Um dos atractivos da música, e de quem por ela se enamora, é a relação e respectivo grau de intensidade do compromisso que, com ela criamos. Com ela nos envolvemos e a dado momento começa, calma e naturalmente, a fazer parte do nosso dia-a-dia.

Através dela, expressamos os nossos sentimentos, a maneira como olhamos e celebramos a vida, as nossas preocupações e alegrias.

Assim, há projectos que retratam na íntegra este modus, arrastando-nos, e quase nos dizendo: partilhem tudo connosco… sobretudo a música e a vida.

Se juntarmos ao que acabo de referir uma considerável capacidade técnica dos músicos bem como a motivação dos mesmos para a tal partilha (estado que só os músicos em estado adulto atingem), onde a música assume o papel principal… e não os músicos, é fácil perceber os patamares de musicalidade que atingimos.

O projecto Afroband – conjunto di Zumbi - será um dos exemplos do que acima foi mencionado, sobretudo quando estamos num país onde, com relativa frequência, vemos a exaltação pessoal a sobrepor-se à música…como se isso algum dia fosse possível!

IdukaSON Jeral - é constituído por músicos de elevada qualidade como Duka e Kako Alves que enriquecem o instrumental do disco. Toda a construção conceptual passa por Kwame Gamal – activista social com provas dadas em inúmeros projectos que tem levado à frente que aborda aqui uma selecção de temas de considerável importância sociocultural, com acentuada vertente pedagógica que vai da educação cívica, à cultura da paz, ao ambiente, saber, africanismo e nossas origens, até ao amor de uma forma global. Fica clara a preocupação e cuidado com o instrumental, as mensagens passadas pelas letras e a qualidade de gravação.

Contudo, o mais importante do disco todo roda à volta do seu personagem principal – o jovem músico, baterista e baixista, líder da banda que na altura da gravação do disco tinha apenas 14 anos – o Zumbi

Definir o amor de Zumbi pela música é difícil, de tão grande que é. Prefiro sublinhar aqui versos de um dos temas que fala de Zumbi: “Se brinquedo é música|Se alegria é som|Se sonho é palco” como canta com uma enorme dose de carinho, a mãe – Talina Ben.

Para além de todos estes ingredientes, resta ainda a enorme satisfação em ver a aproximação de ritmos cabo-verdianos como a Tabanka ou o Funaná, ou de instrumentações como as do Jazz ou do Funky , ao universo infanto-juvenil…e como é preci(o)so!

Ainda…louvor total à edição de autor.

Estrada grande, para o prodígio Zumbi, que um dia se apaixonou de forma genuína pela música.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 869 de 25 de Julho de 2018.

Concorda? Discorda? Dê-nos a sua opinião. Comente ou partilhe este artigo.

Autoria:Paulo Lobo Linhares,28 jul 2018 17:18

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  28 jul 2018 17:18

pub.

pub.

pub
pub.

Últimas no site

    Últimas na secção

      Populares na secção

        Populares no site

          pub.