País onde a discriminação de mulheres e meninas é uma forte realidade, com as famílias a preferirem filhos homens, na Índia uma aldeia resolveu homenagear o sexo feminino e celebrar o nascimento de cada menina com a plantação não de uma mas de cento e onze árvores.
Tudo começou com a morte precoce da filha do líder da aldeia de Piplantri, Shyam Sundar Paliwal, que resolveu então transformar o luto em algo positivo e que permitisse às famílias contornar práticas enraizadas, como provocar a morte do feto ou do bebé depois de já nascido quando se descobre que é menina, dando-lhes a possibilidade de um rendimento financeiro.
Assim, a cada menina nascida são plantadas mangueiras e babosas (aloe vera) que se transformam depois numa fonte de renda para as famílias. Ao plantar aloe vera perto das árvores os aldeões garantem que elas sobrevivem já que a babosa protege-as de pragas, e os produtos feitos desta planta medicinal por sua vez se tornam também numa importante fonte de renda para comunidade.
Ao site Hindustan Times Paliwal explicou que a família que celebrar o nascimento de uma criança do sexo feminino recebe 31 mil rupias (cerca de 44 mil escudos cabo-verdianos) da administração da aldeia, “como agradecimento à contribuição ecológica prestada ao vilarejo”. Isso mediante a assinatura de um termo de responsabilidade pelo cuidado das plantas, garantir uma educação de qualidade à menina e evitar que essa se case precocemente.
O bom acolhimento da iniciativa foi tal que mesmo após a saída do administrador da aldeia do cargo a comunidade manteve a tradição.
“Em oito anos, o número de mulheres na aldeia já aumentou consideravelmente e o de árvores, então, nem se fala: 286 mil mudas já foram plantadas graças à nova tradição”, escreve o jornal. ‘
A tradição nascida em Piplantri já está a ser denominada de eco-feminismo.