Na noite de sábado, dia 3, pessoas em situação de sem-abrigo, migrantes sem documentos, estudantes estrangeiros e imigrantes trabalhadores recorreram à “Noite Aberta” para receber a dose única da vacina da Johnson &Johnson — uma vacina particularmente útil para vacinar pessoas mais difíceis de alcançar para uma segunda dose.
Das cerca de 900 pessoas presentes, 80% eram migrantes sem documentos, disse Angelo Tanese, director-geral da ASL Roma 1, a maior unidade local de saúde da região.
Marta Pacholczak tem 65 anos e é natural da Polónia. Mora em Roma há 25 anos e há muitos que se encontra numa situação de sem-abrigo. A vacinação inquieta-a. Não está registada no serviço nacional de saúde italiano e, sem residência oficial ou número de segurança social, não teve acesso à campanha de vacinação.
“Não posso fazer nada sem uma vacina”, disse ao The New York Times, acrescentando que não pode trabalhar ou viajar. À custa de uma condição cardíaca, acabou por não poder ser vacinada na noite de sábado, mas foi colocada numa lista de espera para receber outra vacina.
A iniciativa foi organizada no hospital Santo Spirito, localizado perto do Vaticano, e teve como alvo “as pessoas marginalizadas, as mais frágeis”, disse Tanese. Construído no século XII, o hospital já foi palco de muitas pragas, epidemias e guerras. “É a vocação deste hospital”, observou.
Para ajudar a atrair a multidão, a campanha de vacinação contou com a animação de um pianista de jazz durante a noite, e café com os bolos cornetti pela manhã de domingo. A “Noite Aberta” foi divulgada nas redes sociais da unidade de saúde, mas muitos dos que compareceram disseram ter ouvido falar dela através de associações de voluntários ou conhecidos. A ASL Roma 1 está, também, a cooperar com organizações voluntárias para aumentar a vacinação de grupos marginalizados através de unidades móveis.