O projecto “Nha Pumbinha” foi desenvolvido durante a quarentena de 2020, e os primeiros testes foram feitos com pessoas próximas da mentora, até ao ponto de ser considerado um produto aceitável e ser aplicado no mercado, realça a criadora.
Em Dezembro de 2020 foi apresentado oficialmente o projecto “Nha Pumbinha” na ilha de São Vicente, que tem como principal objectivo ajudar meninas e mulheres em situação vulnerável.
“O projecto iniciou-se com a OMCV em São Vicente, em que foi proposto que em cada dez vendas de absorvente reutilizável, fosse entregue um absorvente a uma menina em situação vulnerável” realça.
Para a confecção do penso higiénico reutilizável “Nha Pumbinha”, as matérias-primas são oriundas do Portugal. A mentora afirma que nenhum dos materiais utilizados na produção do penso higiénico reutilizável é produzido em Cabo Verde.
Ultrapassando a fase inicial da implementação do projecto, Lara Amado considera que a construção da empresa se tornou uma responsabilidade social, por que a dignidade menstrual é uma questão de saúde pública.
A preocupação da mentora girou em torno da criação de condições dignas para as meninas, com casas-de-banho com boas infra-estruturas, rede de esgotos a funcionar, água canalizada e acesso aos produtos menstruais.
“Há informação de que muitas meninas não conseguem ter acesso aos produtos menstruais. A estatística diz que, em cada dez meninas, cinco faltam às aulas, e isso tem um impacto enorme nas suas vidas económicas mais tarde, e isso gera muitas desigualdades de género e essa é uma preocupação nossa também” reforça.
O penso higiénico reutilizável “Nha Pumbinha”, para Lara Amado, contribui para a educação menstrual sustentável e empoderamento das mulheres.
“Nós lutamos pelo controlo das finanças, fazendo as contas às meninas para percebem que podem poupar e optar por um estilo de vida muito mais saudável”, disse.
Quanto à diferença entre usar absorventes descartáveis ou reutilizáveis, a mentora menciona que uma mulher que opta pelos descartáveis tem que os comprar todos os meses. Já um absorvente reutilizável só é comprado de 3 em 3 anos, ou seja, é uma poupança “estratosférica “.
“Sabendo que as mulheres têm uma vida fértil dos 11 aos 49 anos em média, é uma poupança significativa que a mulher consegue fazer”, reforça.
A mentora aponta que a sustentabilidade da venda, aquisição e divulgação do absorvente reutilizável não atinge somente a parte financeira, mas também engloba o lado ambiental, contribuído para a redução dos microplásticos no ecossistema.
Lara Amado afirma que os absorventes descartáveis por terem como base o petróleo, trazem, a nível da saúde uma série de consequências negativas, como por exemplo: alergias, infertilidade, cancro, entre outros constrangimentos.
A aquisição do penso higiénico reutilizável “Nha Pumbinha” é realizada online, via Facebook, com transferência bancária. Finalizado o processo, a cliente recebe o produto por correio.
“Por ainda estarmos no período pandémico é muito mais cómodo receber a encomenda no próprio endereço ou no correio”, explica.
Além da ilha de São Vicente, o projecto “Nha Pumbinha” já foi apresentado também em Angola, através da televisão e media locais, formações com colaboração das organizações não-governamentais (ONGs) locais, formação em parceria com a UFPI-Angola, a qual Lara Amado considera ser um sucesso, almejando repetir o processo em Cabo Verde.
Neste momento, o projecto “Nha Pumbinha” está à procura de mobilizar parcerias governamentais nacionais.