O teólogo Hans Kung, um dos principais críticos de Bento XVI, considerou hoje "compreensível" a renúncia do papa, esperando que não tenha influência no processo de sucessão.
Em declarações ao jornal britânico The Guardian, o padre e teólogo de 84 anos, que trabalhou com Bento XVI no sul da Alemanha nos anos 1960, afirmou que a renúncia é "compreensível por muitas razões".
"Esperamos, contudo, que Ratzinger não exerça influência na escolha do seu sucessor", adiantou Kung, consultor teológico para o Concílio Vaticano II.
Kung aceitou o convite de Bento XVI para um jantar no Vaticano em 2005, mas manteve o teor crítico das suas intervenções sobre o papado do cardeal Ratzinger.
Contrariando os ensinamentos da Igreja, tem vindo a defender o fim da obrigatoriedade do celibato clerical e maior participação laica e feminina, e viu revogada pelo Vaticano a sua licença para ensinar teologia em nome da Igreja Católica.
O papa Bento XVI, 85 anos, anunciou hoje, durante um consistório no Vaticano, a sua resignação a partir dia 28 de fevereiro devido “à idade avançada”.
Um novo papa será escolhido até à Páscoa, a 31 de março, disse o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, anunciando que um conclave deve ser organizado entre 15 e 20 dias após a resignação do pontífice.
O último chefe da Igreja Católica a renunciar foi Gregório XII, no século XV (1406-1415).