Países ricos não estão prontos para os objectivos do desenvolvimento sustentável

PorRendy Santos,3 out 2015 6:00

A maioria dos países industrializados da OCDE não está ainda preparada para os novos objectivos globais de desenvolvimento sustentável previstos até 2030, que os líderes mundiais adoptaram formalmente este mês numa cimeira especial da ONU.

 

Segundo um estudo comparativo dos 34 estados membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), difundido pela Fundação Bertelsmann, existe um risco de um fracasso no cumprimento dos objectivos.

O estudo identifica os Estados que podem constituir um exemplo a seguir para determinados objectivos de desenvolvimento sustentável e também aqueles onde continuam a verificar-se graves deficiências.

Entre os países melhor preparados para cumprir os novos objectivos da ONU figuram as nações escandinavas como a Suécia, Noruega, Dinamarca e Finlândia, seguidas da Suíça.

Já os Estados Unidos, Grécia, Chile, Hungria, Turquia e México são os pior posicionados.

“Tendo em conta o aumento da desigualdade social e o desperdício de recursos, os países ricos não podem continuar a dar lições ao mundo, nem devemos ditar como devem desenvolver-se os países emergentes”, assinalou Aart de Geus, presidente da Fundação Bertelsmann.

O estudo assinala grandes diferenças entre países em relação a diferentes objectivos, em especial no que diz respeito à desigualdade social, que alcançou um nível sem precedentes nos países industrializados.

Nos 23 países da OCDE, os 10% mais ricos ganham tanto, ou mais, que os 40% mais pobres.

Também se observam grandes diferenças quanto à contaminação do ambiente: países como Austrália, Canadá, Polónia ou México emitem uma quantidade de dióxido de carbono por unidade de produção económica seis vezes superior à da Suécia ou Noruega.

“Se os países em vias de desenvolvimento conseguiram reduzir para metade a sua taxa de mortalidade infantil com a ajuda dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, devíamos poder exigir aos países industrializados que tornem os seus modelos económicos mais socialmente equitativos e mais sustentáveis, com a ajuda dos novos objectivos da ONU”, assinalou Christian Kroll, director do estudo.

 

Mais atenção para África

Naquele que foi o seu último discurso, enquanto Primeiro-Ministro, na Assembleia Geral das Nações Unidas, José Maria Neves chamou a atenção para as necessidades dos países de rendimento médio baixo, como Cabo Verde.

“Os pequenos Estados insulares em desenvolvimento têm enormes constrangimentos ao seu desenvolvimento sustentável”, afirmou. Dificuldades essas que passam, segundo o Primeiro-Ministro, pelo “acesso ao financiamento, os elevados custos de transportes, de energia e de infra-estruturação, as vulnerabilidades sociais, económicas e ambientais”. Dessa forma, José Maria Neves defendeu que os “pequenos Estados insulares em desenvolvimento e os países de rendimento médio baixo, ao lado dos países africanos, dos menos avançados, e dos países em desenvolvimento sem litoral, merecem, pois, uma atenção especial da comunidade internacional” se esta quiser que esses países cumpram todos os seus compromissos “no quadro da realização dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável no horizonte de 2030”.

No seu discurso em Nova Iorque, depois de afirmar que Cabo Verde era “um país improvável” aquando da independência, Neves salientou os ganhos conseguidos “graças à determinação das cabo-verdianas e dos cabo-verdianos, nas ilhas e na diáspora, da boa governação e do gigantesco trabalho realizado” e que permitiram que Cabo Verde se transformasse num “país de rendimento médio”.

“Cabo Verde assume, pois, plenamente o documento “Transformar o nosso mundo: programa de desenvolvimento sustentado no horizonte de 2030”, garantiu o Primeiro-ministro que concluiu afirmando que Cabo Verde fará o seu “trabalho de casa”.

“Trabalharemos para construir parcerias e pontes, que nos permitam, numa perspectiva de ganhos mútuos, ser úteis à Humanidade, construir um país desenvolvido e próspero e contribuir para um mundo melhor”, rematou.

 

Sem igualdade de género nada feito

A ONU Mulheres e o Governo da China promoveram neste domingo, na sede da ONU, um evento sobre igualdade de género e autonomia feminina. O secretário-geral declarou que os novos Objectivos Globais não podem ser alcançados “sem direitos iguais, na lei e na prática, para metade da população mundial”.

Ban Ki-moon destacou que no fórum, os líderes mundiais estavam “assinalando a sua responsabilidade pessoal para a igualdade de género”. Apesar de progressos recentes, o chefe da ONU destacou que ainda há um longo caminho a percorrer.

Ele explicou que “muitas meninas e mulheres continuam a sofrer discriminação, estão sujeitas à violência, têm negadas oportunidades iguais em educação e emprego e são excluídas de posições de liderança”.

Segundo Ban Ki-moon, a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável não pode ser alcançada sem direitos iguais para as mulheres.

Ban destacou que garantir a protecção de mulheres e meninas e priorizar as suas necessidades também é essencial na hora de resolver emergências humanitárias.

 

Salários

O chefe da ONU pediu aos líderes mundiais mais compromisso para garantir de verdade a igualdade de género. Ban explicou que é preciso tratar com urgência de algumas barreiras, como as diferenças salariais entre homens e mulheres.

O secretário-geral também defende que seja reconhecido o “direito de meninas e mulheres governarem sua saúde sexual e reprodutiva, acabar com a violência e garantir a participação feminina na arena política, na resolução de conflitos e em processos de paz”.

Ban Ki-moon explicou que até 2030, o planeta precisa ser “50:50”, ou seja, com direitos iguais para homens e mulheres. O chefe da ONU disse que o evento de alto nível pode ser um marco para o alcance completo da igualdade de género.

O presidente da China, Xi Jinping, anunciou que o país vai contribuir com US$ 10 milhões em apoio ao desenvolvimento das mulheres no mundo. O líder chinês também garantiu que irá ajudar outros países em desenvolvimento a fornecer cuidados de saúde e treinamento vocacional para mulheres e meninas.

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Autoria:Rendy Santos,3 out 2015 6:00

Editado porRendy Santos  em  1 out 2015 16:01

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