Síria: Uma guerra com sete anos e que já matou 320 mil pessoas

PorExpresso das Ilhas,14 mar 2017 9:55

A Síria entrou no sétimo ano de um dos conflitos mais destrutivos do século 21, responsável até ao momento por 320 mil mortos - quase 100 mil civis - e quase cinco milhões de refugiados.

 

A guerra na Síria tem origem nas manifestações pacíficas (convocadas na esteira da Primavera Árabe) que se realizaram em meados de Março de 2011. Os primeiros protestos ocorreram na cidade de Deraa (sul da Síria), tendo sido violentamente reprimidos pelo regime do presidente Bashar al-Assad (que sucedeu ao seu pai, Hafez, em 2000).

A repressão deu origem a mais protestos, mas estes já a exigir a demissão do presidente. Com a escalada de confronto entre as forças governamentais e os opositores do regime, estes começaram a pegar em armas para, num primeiro momento, defender-se e depois para tomar bairros e zonas urbanas.

Bashar al-Assad denuncia o movimento oposicionista como "uma rebelião armada de grupos salafistas" e como "terrorismo apoiado por estrangeiros". Em Julho de 2011, um coronel dissidente do exército sírio - Riyadh al-Assad - funda o Exército Sírio Livre (ESL), baseado na Turquia.

Em pouco tempo a Síria mergulha numa guerra civil. Apoiados pela Turquia, por alguns países do Golfo Pérsico e nações ocidentais, os rebeldes sírios chegaram ao ponto máximo do seu poder na Síria em 2012, quando o Exército Sírio Livre lança uma ofensiva sobre Damasco. O regime sírio aguentou a sua capital.

A partir de 2013, vários grupos jihadistas (com destaque para a Frente Al-Nusra, apoiada pela Al-Qaeda) ganha força no norte da Síria. Em 2014, o Estado Islâmico ocupa partes do território e proclama um "califado" (na Síria e no Iraque), com capital em Raqa.

Os aliados do regime de al-Assad também vieram em seu apoio: o Irão enviou conselheiros militares e unidades de combate, o grupo paramilitar xiita libanês Hezbollah mobilizou efectivos para se juntar à luta (2013) e, mais importante, a Rússia reforça o apoio com aviões de combate, iniciando em Setembro de 2015 uma intensa campanha de bombardeamentos aéreos.

Em seis anos, os confrontos resultaram na morte de 321,3 mil pessoas, dos quais 96 mil civis, indicou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, uma organização com sede no Reino Unido. Mais de 17 mil crianças morreram nos combates.

Antes da guerra, a Síria tinha uma população de 23 milhões de pessoas. A ONU estima que desde o início do conflito mais de 4,9 milhões de sírios foram obrigados a sair do seu país e outras 6,6 milhões foram forçados a deslocar-se dentro do seu próprio país, para fugir aos combates.

Os especialistas consideram que a guerra civil destroçou as infraestruturas e a economia da Síria para níveis de há três décadas. Não há sistema de Saúde a funcionar, nem escolas, e mais de 80% da rede eléctrica está fora de serviço. Um estudo das Nações Unidas indica que quatro em cada cinco habitantes na Síria vivem em pobreza.

Em 2016, mas especialmente a partir do verão, a tendência da guerra começou a virar decisivamente para o lado do regime de al-Assad. Apoiadas pela aviação russa, as forças governamentais lançam em Setembro de 2016 uma ofensiva para tomar Alepo, a segunda cidade síria e o principal reduto rebelde, que cai três meses depois.

Ainda assim, o Washington Instituto estima que as forças do regime sírio controlam agora 36% da Síria, com o Estado Islâmico a controlar 29%. As milícias curdas -- apoiadas pelos Estados Unidos, mas submetidas desde agosto do ano passado a uma intensa ofensiva militar turca -- controlam 23% do território e os rebeldes sírios estão reduzidos a 12% do país.

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Autoria:Expresso das Ilhas,14 mar 2017 9:55

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  15 mar 2017 8:42

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