O Tracking Universal Health Coverage: 2017 Global Monitoring Report, que avalia indicadores na área da saúde em mais de 120 países, refere que mais de 800 milhões de pessoas em todo o mundo, o correspondente a 12% da população mundial, gastam menos de 10% do seu orçamento familiar em cuidados de saúde.
Apesar de se ter registado um progresso de 3% no cumprimento da meta de acesso a cuidados de saúde, os dados do relatório indicam que pelo menos 180 milhões de pessoas gastam um quarto do seu orçamento nesta área e que este grupo está a crescer a um ritmo de 5% ao ano.
O diretor de Saúde e Nutrição do Banco Mundial, Timothy G, Evans, assinalou que o crescimento se deve ao facto de "os Governos não conferirem prioridade à saúde pública e de as pessoas terem cada vez mais altas expectativas de como deve estar a sua saúde", levando-as a pagar "porque não obtêm uma cobertura pública suficiente".
A diretora-geral adjunta do departamento de Cobertura Sanitária Universal da OMS, Naoko Yamamoto, realçou o surgimento de entidades privadas de assistência médica para suprir as necessidades que "deveriam ser cobertas pelos serviços públicos".
Yamammoto referiu que China e Índia, com grande densidade populacional, foram os países onde este fenómeno se registou mais acentuadamente no ano passado.
O relatório aponta a América latina como a região no mundo que apresenta a menor percentagem de pessoas que gastam pelo menos 10% do orçamento familiar em assistência na área da saúde, registo que representa 14,8% da população mundial, cerca de 88 milhões de pessoas.
Quase 100 milhões de pessoas caem na extrema pobreza (viver com menos de 1,7 euros por dia), porque têm de pagar pelos cuidados de saúde, e outros 122 milhões de pessoas caem abaixo da linha da pobreza (2,5 euros diários) por causa dos gastos na saúde.
Ainda sobre o que as famílias despendem com a saúde, 6,3 milhões de pessoas caíram na pobreza nos países de fracos recursos, muito embora a percentagem de pessoas revele uma descida nos últimos anos.
Nos países pobres, apenas 17% das mães e filhos recebem assistência médica básica, enquanto a percentagem aumenta para 74% nas nações ricas.
O documento da OMS e do BM destaca ainda que mil milhões de pessoas não recebem tratamento para a hipertensão, mais de 200 milhões de mulheres não têm acesso ao planeamento familiar e cerca de 200 milhões de crianças não recebem todas as vacinas de que necessitariam.