O mundo no novo ano

PorExpresso das Ilhas,7 jan 2018 10:58

Dondald Trump
Dondald Trump

O ano de 2018 afigura-se difícil para a diplomacia mundial. Com a tensão nuclear entre os Estados unidos e a Coreia do Norte a intensificar-se, não se afiguram negociações fáceis.

As eleições que vão acontecer em vários países são temas que também merecem seguimento, aliás como em todos os outros anos. Do terrorismo aos fluxos migratórios, passando por uma África com novos rostos, chega então mais um ano em que o mundo se torna cada vez mais um só.

África

UA teme regresso de 6000 combatentes doDaesh aos países de origem

ISIS
ISIS

Com a derrota e desmembramento do Estado Islâmico na Síria e no Iraque, e desfeito o sonho (ou pesadelo) de construir um Califado, milhares de jihadistas devem regressar aos seus países de origem durante o ano de 2018.

Isto constitui uma ameaça para a Europa, mas também para África, para onde deverão regressão cerca de 6000 combatentes do EI. “Há relatos da presença de 6000 combatentes africanos entre os 30.000 elementos estrangeiros que se juntaram ao grupo terrorista no Médio Oriente, declarou Smail Chergui, comissário da UA para a paz e segurança, num encontro sobre terrorismo no passado dia 11 de Dezembro. Face a essa probabilidade, que trará “sérias ameaças para a segurança e estabilidade” da região, a UA pediu aos Estados africanos que se preparem “firmemente” para a gestão deste retorno, sendo certo que os ex-combatentes trarão conhecimentos e armas adquiridos durante a sua passagem pelo Daesh. É igualmente fundamental que os Estados trabalhem em conjunto, alertou ainda.

Novos líderes, muitas expectativas

2017 foi um ano de mudança de “velhos” rostos na liderança de alguns países africanos. Na Gâmbia, Yahya Jammeh, há 22 anos no poder, deixou a presidência. Pela primeira vez, pacífica transição democrática na Libéria é outro bom sinal para o continente. Em Angola, e ao fim de 37 anos no poder, José Eduardo dos Santos foi substituído, de forma pacífica e através de eleições, por João Lourenço que já encetou uma série de exonerações e reformas. No Zimbabué, um golpe de Estado sem derramamento de sangue, destituiu Mugabe e empossou Emmerson Mnangagwa. Em ambos os casos, trata-se de antigos homens de confiança dos seus antecessores. Tem havido bons prenúncios, nas suas primeiras acções enquanto chefes de Estado, mas 2018 será o ano de os pôr à prova.

Outros líderes de longa duração vão sair de cena, no resto do mundo: O imperador Akihito, no Japão, o presidente Raúl Castro, em Cuba, e o Rei saudita Salmanmay. E vários países vão a eleições.

Eleições

Itália

Itália
Itália

As eleições são sempre um dos acontecimentos a ter em atenção a cada ano. Num momento em que o populismo se apresenta como a maior ameaça das democracias contemporâneas, destaque para algumas eleições. A começar por Itália, que tem vivido períodos de grande incerteza política – 64 governos em 70 anos – , vai ter eleições gerais, a 4 de Março. A marcação foi feita após o presidente Sergio Mattarella ter anunciado, no dia 28, a dissolução do Parlamento, as eleições devem ser em breve. 4 de Março tem sido a data apontada, e irá testar a nova lei eleitora, a terceira desde 1993. Nestas eleições, o ex-primeiro-minsitro Matteo Renzi e Luigi di Maio (do Movimento 5 Estrelas) prefiguram-se como principais concorrentes.

Rússia

A Rússia é outro país a votos em 2018, a 18 Março. O actual presidente,Vladimir Putin já confirmou sua campanha para reeleição, naquele que seria o seu quarto mandato, e desta feita irá concorrer como independente. Para já concorre contra a socialite Ksenia Sobchak, de 35 anos, cuja candidatura é segundo os especialistas apenas uma jogada do próprio governo para dividir os eleitores da oposição. Entretanto a candidatura presidencial do opositor Alexei Navalny foi recusada pela Comissão eleitoral alegadamente devido a uma sentença judicial.

Palestina

Palestina
Palestina

Na Palestina vai também haver eleições, as suas terceiras (ainda sem data marcada), que decorrem num ambiente mais unificado. De acordo com a imprensa internacional é a sua possibilidade de se afirmar como um Estado democrático, sendo que o presidente Mahmoud Abbas, no poder desde 2005 (data da última eleição da Autoridade Palestiniana) já prometeu uma transição de poder pacífica e democrática. O futuro líder tem enormes desafios, por um lado garantir a estabilidade e melhorar a situação de uma população onde cerca de dois milhões de cidadãos vive em pobreza extrema. E… Jerusalém. O anúncio de Trump, a reconhecer a cidade como capital de Israel desencadeou protesto violentos e o Hamas convocou uma Terceira intifada.

Na América Latina, dois gigantes vão a votos: Brasil e México.

Trump
Trump

O México tem eleições gerais a 3 de Junho e o sucessor deEnrique Peña Nieto não terá um mandato fácil. Um dos seus maiores desafios será lidar com os pouco amistosos EUA de Trump que além de querer construir um muro na fronteira entre os dois países, tem vindo a contestar o NAFTA (Acordo de Livre Comércio da América do Norte), o que poderá implicar profundas alterações à economia e comércio exterior mexicanos. A Corrupção e a violência do narcotráfico são os maiores desafios internos.

No Brasil, segundo as sondagens mais recentes, 62% dos cidadãos considera o governo de Temer pior do que o de Dilma. E nas próximas eleições, em Outubro, as sondagens dão vitória ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que disputará a segunda volta com o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ). contudo ainda nã é certo que Lula venha a ser candidato. O ex-presidente foi condenado em Julho a 9,5 anos de prisão, no processo Operação Lava Jato. Se o recurso confirme condenação, Lula fica fora da corrida. Se for condenado por qualquer um dos outros 6 caos em que é igualmente réu, também.

A situação na Venezuela também merece um olhar atento. Sob uma grave crise económica e social e sanções internacionais, o presidente Nicolas Madura já manifestou que não tem intenção de se afastar.

Nos EUA pode também haver mudanças. Não vai haver eleições presidenciais, mas se os democratas conseguirem vencer a Câmara dos Representantes, fica aberto o caminho para um eventual impeachment a Trump, destaca a The Economist.

Brexit

Brexit
Brexit

A data de saída do Reino Unido da EU está agendada para Março de 2019. Assim, 2018 vai ser o ano crucial das negociações para que o processo decorra da melhor forma, sem comprometer nenhuma das partes nem as relações entre elas.

Novo fluxo migratório – Europa – Turquia

Refugiados
Refugiados

Os últimos anos foram marcados por um êxodo imenso de refugiados e migrantes de África e, principalmente da Síria, para a Europa. Em 2017, o panorama começou a dar mostras de mudança. Hoje, como escreve o Syria Deeply, muitos refugiados querem deixar a Europa, sendo que um dos motivos é a dificuldade de integração cultural e a crescente islamofobia.

Entre Abril de 2011 e Outubro de 2016, cerca de 884 mil pedidos de asilo foram feitos por sítios a países Europeus. Desses pedidos, 2/3 foram endereçados à Alemanha e à Suécia.

Salientando a falta de informação no que toca aos refugiados que estão a abandonar a europa, a publicação refere que em grande parte isso se deve ao facto de estarem a fazê-lo ilegalmente, através da Grécia e indo para países vizinhos desta, como a Turquia.

Alguns países europeus, desejosos de se ver livre da onda de refugiados estão inclusive a apoiá-los a desistir dos pedidos de Asilo, como a Alemanha que oferece 1200 euros a quem o faz.

Há, actualmente em todo o mundo, 65 milhões de pessoas deslocadas à força das suas residências, de acordo com o the Guardian.

Texto originalmente publicado na edição impressa do Expresso das Ilhas nº 839 de 27 de Dezembro de 2017. 

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Autoria:Expresso das Ilhas,7 jan 2018 10:58

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  7 jan 2018 11:00

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