Presidente angolano exonera administração do Fundo Soberano do país

PorLusa,11 jan 2018 11:08

João Lourenço exonerou o último filho de José Eduardo dos Santos que ainda desempenhava funções públicas
João Lourenço exonerou o último filho de José Eduardo dos Santos que ainda desempenhava funções públicasLusa

O Presidente angolano, João Lourenço, exonerou ontem a administração do Fundo Soberano de Angola (FSDEA), presidida por José Filomeno dos Santos, tendo nomeado Carlos Alberto Lopes para liderar a instituição.

A informação sobre a exoneração, "por conveniência de serviço", foi transmitida pela Casa Civil do Presidente da República em nota enviada à agência Lusa, em Luanda, passando o FSDEA, que gere activos do Estado angolano de 5.000 milhões de dólares, a ser presidido por Carlos Alberto Lopes, até agora secretário para os Assuntos Sociais do chefe de Estado.

Depois de Isabel dos Santos, que exonerou do cargo de presidente do conselho de administração da petrolífera estatal Sonangol, e de ter ordenado a rescisão do contrato entre a Televisão Pública de Angola (TPA) e a empresa Semba Comunicações, detida por Welwítschia "Tchizé" e José Paulino dos Santos "Coreon Dú" para a gestão do segundo canal, José Filomeno dos Santos é o quarto filho do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos, a ser afastado do poder por João Lourenço, empossado em Setembro último.

Apesar de deixar o Palácio Presidencial, José Eduardo dos Santos foi reeleito em 2016 como presidente do MPLA, partido que suporta o Governo, e tem mandato até 2021.

Hoje foram exonerados pelo chefe de Estado, do conselho de administração do FSDEA, além do presidente, José Filomeno de Sousa dos Santos, os administradores executivos Hugo Miguel Évora Gonçalves e Miguel Damião Gago.

A mesma informação da Casa Civil refere que o Presidente da República nomeou ainda, para integrarem o conselho de administração do FSDEA como administradores executivos, Laura Alcântara Monteiro, Miguel Damião Gago, Pedro Sebastião Teta e Valentina de Sousa Matias Filipe.

Para ocupar o cargo no fundo, Carlos Alberto Lopes foi exonerado, por decreto presidencial, do cargo de Secretário para os Assuntos Sociais do Presidente da República, e nomeada, noutro decreto, Maria de Fátima Republicano de Lima Viegas para as mesmas funções.

Este desfecho já tinha sido antecipado na segunda-feira pelo próprio Presidente angolano, quando admitiu aplicar, nos próximos dias, medidas propostas pelo Ministério das Finanças sobre a gestão do FSDEA e não descartando exonerar a administração.

O chefe de Estado angolano falava nos jardins do Palácio Presidencial, em Luanda, na sua primeira conferência de imprensa com mais de uma centena de jornalistas de órgãos nacionais e estrangeiros, quando passam 100 dias após ter chegado à liderança no Governo.

Questionado então sobre o facto de não ter exonerado o conselho de administração do FSDA, liderado por José Filomeno dos Santos, filho do ex-Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, João Lourenço disse que decorre um diagnóstico à gestão daquela instituição.

"Não diria que vou exonerar, mas pode vir a acontecer", disse João Lourenço, informando que uma empresa idónea fez o diagnóstico às contas do FSDEA e, na sequência desse trabalho, o Ministério das Finanças apresentou uma proposta de medidas a serem tomadas, para melhor controlo "dos dinheiros postos à disposição do Fundo Soberano".

"Estou a analisar essas medidas propostas e é muito provável que nos próximos dias venham a ser implementadas", disse, sem adiantar pormenores.

Em conferência de imprensa, realizada na semana passada, o ministro das Finanças angolano, Archer Mangueira, disse que a perspectiva do executivo angolano é fazer aprovar, ao longo do primeiro semestre deste ano, uma nova estratégia para o Fundo Soberano de Angola, adequada ao novo contexto económico e financeiro que o país está a viver.

Em Novembro de 2017, surgiram denúncias sobre a gestão do FSDEA, relativamente ao suposto recurso desta instituição a paraísos fiscais, divulgado em documentos revelados pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (CIJI), no âmbito da investigação 'Paradise Papers'.

Em reacção, o FSDEA garantiu que todas as operações que realiza são feitas de "forma legítima", ao abrigo dos "mais altos padrões regulatórios".

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Autoria:Lusa,11 jan 2018 11:08

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  9 dez 2018 3:22

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