Segundo o relatório mensal do INE sobre o comportamento da inflação, ao qual a Lusa teve hoje acesso, o Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN) registou uma variação de 1,44% em março, contra os 1,26% de fevereiro e os 1,47% de janeiro.
Ainda assim, este registo contrasta com o pico mais recente, de 2017, entre setembro e outubro, período em que os preços em Angola aumentaram 2,39%, logo após as eleições gerais de agosto.
O pico da inflação mensal em Angola nos últimos anos registou-se em julho de 2016, quando, no espaço de um mês, os preços registaram um aumento médio de 4%.
A inflação acumulada a 12 meses desceu em março, 20,9%, refere o mesmo relatório.
Segundo o INE, a subida de preços em março de 2018 foi influenciada sobretudo pelos setores "Bens e Serviços Diversos", com 3,20%, pelo "Lazer, Recreação e Cultura", com 2,30%, pelo "Vestuário e Calçado", com 1,98%, e pelo "Mobiliário, Equipamento Doméstico e Manutenção", com 1,71%.
Os aumentos de preços no terceiro mês do ano foram liderados pelas províncias da Cuanza sul (2,30%), Lunda Norte (2,18%), Cunene (2,13%) e Namibe (2,03%), enquanto as com menor variação foram Benguela (1,33%), Huíla (1,37%), Luanda (1,38%) e Cuando Cubango (1,42%).
Desde setembro de 2014 que a inflação em Angola não para de aumentar, acompanhando o agravamento da crise económica, financeira e cambial decorrente da quebra na cotação internacional do barril de petróleo bruto, o que fez disparar o custo, nomeadamente dos alimentos.
O Governo angolano prevê chegar ao final de 2018 com uma inflação acumulada de 28,7% (entre janeiro e dezembro), mas a previsão é abalada depois de, nos dois últimos anos, ter visto a meta largamente ultrapassada e sempre a dois dígitos, devido à crise.
A concretizar-se, este será o segundo valor anual da inflação mais alto desde 2004 em Angola.
A previsão para 2018 é desde logo condicionada pelo novo regime flutuante cambial, em que a taxa de câmbio é definida pelo mercado, nos leilões de divisas realizados pelo Banco Nacional de Angola para os bancos comerciais.
Nos primeiros três meses deste regime, o kwanza sofreu uma depreciação de 31% face ao euro e de 22% para o dólar norte-americano, o que poderá agravar os custos de importação do país.
Entre janeiro e dezembro de 2016 (12 meses) os preços em Angola subiram praticamente 42%, segundo os relatórios anteriores do INE sobre o IPCN.
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