Atlas da Violência 2018 confirma divisão racial no Brasil

PorExpresso das Ilhas,6 jun 2018 9:52

Negros são a maioria das vítimas de homicidio no Brasil
Negros são a maioria das vítimas de homicidio no Brasil

Assassinatos caem 6,8 % no Brasil. Quando a vítima é caucasiana. O país regista um aumento de 23% de homicídios de negros.

Organizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pelo Instituto de Pesquisa Económica Aplicada (Ipea) com base na análise dos dados mais recentes (de 2016) disponibilizados pelo Ministério da Saúde da Saúde brasileiro e relatório Atlas da Violência refere sobre o Brasil que "É como se, em relação à violência letal, negros e não negros vivessem em países completamente distintos. Em 2016, por exemplo, a taxa de homicídios de negros foi duas vezes e meia superior à de não negros (16,0 por 100.000 habitantes contra 40,2)", cita o El Pais.

O relatório, que analisa dados de 2006 e 2016, diz que a taxa de homicídios de negros cresceu 23,1%. No mesmo período, a taxa entre os não negros teve uma redução de 6,8%" o que, segundo a análise, confirma o racismo existente no país e que faz as organizações de activismo contra o racismo falar em "genocídio da população negra".

As maiores taxas de assassinatos de negros no Brasil registam-se em Sergipe (79 por 100.000 habitantes) e Rio Grande do Norte (70,5) enquanto que as menores taxas são as de São Paulo (13,5) e Paraná (19). Embora no quadro geral indivíduos do sexo masculino continuem a constituir a maior taxa de homicídios, o número de mulheres negras mortas é 71% superior ao de mulheres não negras.

Conforme o El Pais, o estudo conclui que a desigualdade racial no Brasil está claramente expressa no que se refere à violência letal e às políticas de segurança. Além da cor da pele, a juventude é também um factor de risco quanto aos assassinatos no Brasil. O relatório Atlas da Violência aponta que em décadas recentes cresceu o fenómeno de homicídios de indivíduos entre os 15 e os 29 anos registando-se, só em 2016, 33.590 assassinatos de jovens, sendo 94,6% do sexo masculino. Isso quando em 2014 tinha se conseguido uma descida de 3,6% nas taxas.

Da análise dos dados gerais, Bahia está em primeiro no ranking de estados onde se registaram maiores taxas de homicídios: foram 7171 homicídios em 2016. O Rio de Janeiro surge a seguir com 6.053. Estados como Paraíba e o Espírito Santo, onde foram lançados programas contra a violência "mostraram diminuições gradativas nas taxas de homicídios". Já em São Paulo, factores como o maior controle sobre armas de fogo, melhoria na organização policial, redução demográfica no número de jovens podem ser a razão da contínua " trajectória consistente de diminuição das taxas de homicídios, iniciada em 2000, cujas razões ainda hoje não são inteiramente compreendidas pela academia".

No total, em 2016, morreram assassinadas no Brasil 553 pessoas, perfazendo uma taxa de 30,3 por 100 mil habitantes,  um aumento de 14% face a 2006.

A Organização Mundial de Saúde considera epidêmicas taxas superiores a 10 mil por 100.000 habitantes.

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Autoria:Expresso das Ilhas,6 jun 2018 9:52

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  27 fev 2019 23:22

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