Mais de 1.900 embarcações foram apreendidas no mesmo período, indica o texto difundido na noite de quinta para sexta-feira.
Marrocos regista um considerável afluxo de migrantes e refugiados que pretendem alcançar a Europa. A maioria arrisca alcançar as costas de Espanha por mar, enquanto outros optam pela via terrestre e tentam transpor as barreiras com arame farpado que separam Marrocos dos enclaves espanhóis em território africano de Ceuta e Melilla.
A Espanha é actualmente a principal porta de entrada de migrantes e requerentes de asilo da UE, com um total de 35.615 chegadas desde Janeiro, segundo os últimos números da Organização internacional das Migrações (OIM) hoje publicados.
As autoridades locais não precisaram a nacionalidade das pessoas bloqueadas por Marrocos no percurso em direcção à Europa, nem as medidas tomadas após a sua intercepção.
Segundo o Alto-Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR), e numa referência à rota migratória em direcção a Espanha, 75% dos migrantes e refugiados são homens (10% de mulheres, os restantes crianças). Os principais países de origem são a Guiné-Conacri (3.100), Marrocos (2.600), Mali (2.200), Costa do Marfim (1.200) e a Síria (1.000).
Face a este afluxo, as autoridades marroquinas anunciaram na semana passada o reforço do combate às redes mafiosas.
No total, segundo dados do Ministério do Interior, 230 pessoas, incluindo marroquinos e oriundos da África subsaariana, foram presos e presentes a tribunal desde o início do ano.
As deslocações forçadas de migrantes subsaarianos do norte em direcção ao sul de Marrocos também se intensificaram. Oficialmente, argumenta Rabat, o objectivo consiste em "desviá-los das redes mafiosas que proliferaram desde o encerramento da rota através da Líbia".
As autoridades marroquinas também asseguram que o regresso aos países de origem envolve as respectivas embaixadas e a OIM, abrangendo 1.400 migrantes desde Janeiro, e garantem que 50.000 clandestinos (90% provenientes da África subsaariana) foram regularizados entre 2014 e 2017.
No entanto, as deslocações forçadas têm suscitado críticas de diversas associações marroquinas e internacionais, que denunciaram "operações musculadas".
No início de Setembro, segundo fontes citadas pela agência noticiosa AFP, dois malianos, incluindo um adolescente, morreram no decurso de um deslocamento forçado organizado pelas autoridades marroquinas entre Tanger (norte) e o sul de Marrocos.
No final de Junho, Marrocos rejeitou o conceito de centros de acolhimento fora da UE sugerido por Bruxelas, para alargar ao exterior das suas fronteiras a gestão dos fluxos migratórios, ao afirmar não pretender ser "o polícia da Europa".
Ainda esta semana, o Conselho da Europa pediu à Espanha para garantir "um acesso efetivo de asilo" às pessoas que chegam ao seu território através de Marrocos e que possam garantir o estatuto de refugiado.