Maduro afirmou que a Venezuela "tem toda a capacidade de satisfazer as necessidades do seu povo", culpando as sanções impostas pelos EUA pelas dificuldades sentidas em sectores da população.
"A Venezuela não é um país com fome", afirmou Nicolas Maduro, numa entrevista hoje divulgada pela televisão britânica BBC, recusando aceitar as informações de diversas agências internacionais segundo as quais mais de dois milhões de pessoas sairiam do país, nos últimos anos, devido às enormes dificuldades para sobreviverem.
"Os números oficiais dizem que não mais de 800 mil pessoas saíram do país, nos últimos dois anos, por razões económicas", atirando as responsabilidades dessa fuga para a pressão internacional e para as sanções de que o país tem sido alvo.
"Essa campanha da emigração na Venezuela tem sido exagerada. A Venezuela é um país que recebe imigrantes, mas vocês não dizem isso, não mostram isso", afirmou o Presidente eleito da Venezuela.
"Há mais de dez milhões de imigrantes a chegar à Venezuela, todos os anos", declarou Nicolas Maduro.
Por isso, o Presidente eleito repetiu que não permitirá a ajuda humanitária à Venezuela, considerando que é uma porta de entrada para uma intervenção militar dos EUA, e acusou o governo norte-americano de "gangue de extremistas".
Nicolas Maduro afirmou a esperança de que o "gangue de extremistas na Casa Branca seja derrotado por uma poderosa opinião pública mundial".
O Presidente eleito da Venezuela continua a dizer que a ajuda humanitária enviada pelos EUA, com comida e medicamentos, é apenas "uma charada" e um pretexto para uma intervenção militar que está determinado a não permitir.
"Não queremos migalhas, alimentos tóxicos, restos de comida", afirmou Maduro, referindo-se aos camiões de ajuda humanitária oriunda dos EUA que se encontram estacionados na Colômbia à espera de autorização para entrar na Venezuela.
Maduro considera que o governo norte-americano tem interesses obscuros e, quando interrogado sobre se acreditava que o Presidente dos EUA, Donald Trump, era um "supremacista branco" respondeu: "Sim, é, publica e abertamente. Eles odeiam-nos, menosprezam-nos, porque apenas se preocupam com os seus interesses particulares".
Maduro recusou também a ideia de que mais de 50 países reconhecem autoridade ao autoproclamado Presidente interino, Juan Guaidó.
"Cinquenta?! Onde foram buscar esse número? Onde vão vocês encontrar esses números?", indignou-se Nicolas Maduro, dizendo que há uma campanha dos 'media' internacionais contra o seu legítimo governo.
Sobre a marcação de eleições presidenciais, Maduro responde que não vê racionalidade em repetir um ato eleitoral que ganhou, em maio de 2018, e rejeita a ideia de que se mantém no poder por ter o apoio dos militares.
"Esse é outro mito que foi criado, nesta campanha contra mim. As forças armadas nacionais bolivarianas são estruturalmente humanitárias. São bolivarianas. São democráticas", ripostou o Presidente eleito, explicando que elas estarão sempre ao lado dos governos democraticamente legitimados.
Na entrevista à BBC, Nicolas Maduro não se mostrou preocupado com uma eventual intervenção militar norte-americana, dizendo que ela nunca seria um problema.
"(Os EUA) podem colocar um milhão de soldados. (...) Não é um problema. Nós defenderemos a Venezuela e faremos com que seja respeitada", garantiu Maduro.