Grandes empresas estimam riscos das alterações climáticas em 900 mil milhões

PorExpresso das Ilhas, Lusa,4 jun 2019 8:04

As alterações climáticas representam riscos financeiros de quase 900 mil milhões de euros, estimam algumas das maiores empresas do mundo num relatório hoje divulgado.

Os números são sugeridos tendo em conta três quartos (366) das 500 maiores empresas do mundo, que no conjunto estão avaliadas em 15 biliões de euros.

O documento foi divulgado pela organização internacional Carbon Disclosure Project (CDP) e alerta que muitos desses impactos resultantes dos riscos climáticos poderão ocorrer nos próximos cinco anos.

Do valor de perdas estimado, cerca de 446 mil milhões de euros são classificados como altamente prováveis ou quase certos, nomeadamente devido a custos operacionais mais elevados, relacionados com mudanças nas leis e nas políticas.

As empresas relatam ainda perdas potenciais de 223 mil milhões de euros devido aos activos relacionados com combustíveis fósseis e mudanças no mercado para economias de baixo carbono e energias alternativas. Neste número inclui-se as empresas que estejam muito expostas aos impactos físicos das alterações climáticas.

De acordo com o relatório, as empresas no entanto também admitem ganhos acumulados nas oportunidades de negócios relacionadas com as alterações climáticas, que podem ser mais do dobro das perdas (mais de dois biliões). Oportunidades, por exemplo, nos veículos eléctricos, mas também no fornecimento de produtos que resultam das mudanças nas preferências dos consumidores.

No documento salienta-se que o valor potencial das oportunidades relacionadas com o clima é quase sete vezes superior ao custo de as alcançar, pelo que se esperam mudanças significativas nos produtos e serviços “amigos do clima”, por parte das maiores empresas do mundo.

Nicolette Bartlett, directora para as alterações climáticas do CDP, salientou, citada no documento, o facto de haver “uma infinidade de riscos” que resultam das mudanças no clima e de as respostas serem “mais urgentes do que nunca”. E considerou “extremamente encorajador” o facto de as empresas indicarem que o potencial das “oportunidades climáticas supera em muito os custos de investir nessa transição”.

No relatório as empresas de produção de energia são dos poucos sectores onde os custos de transição superam os das novas oportunidades.

O relatório envolveu 6.937 empresas de todo o mundo que enviaram dados ao CDP no ano passado. Das 500 maiores empresas mundiais por valor em bolsa 366 enviaram informação ao CDP.

O CDP tem o maior sistema de divulgação ambiental, com dados de milhares de empresas e de mais de 150 cidades só na Europa, incluindo Lisboa. O objectivo do CDP é motivar empresas e cidades para medirem os impactos sobre o ambiente e recursos naturais e assim procurarem reduzi-los.

O estudo agora divulgado foi o primeiro do CDP a calcular o impacto financeiro das alterações climáticas nas empresas.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,4 jun 2019 8:04

Editado porNuno Andrade Ferreira  em  3 mar 2020 23:21

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