“O regresso à estabilidade na Bolívia requer um novo processo eleitoral, que seja oportuno e credível e reflita fielmente a vontade do povo. Deveria ser designado um novo Supremo Tribunal Eleitoral que ofereça garantias de realização de umas eleições transparentes”, disse a alta representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros, Federica Mogherini.
Mogherini afirmou também, em comunicado, que tomou nota “positiva” do anúncio efetuado pelo Governo boliviano “de avançar com rapidez nessa direcção”.
“Pedimos a todas as partes, em especial às autoridades, para assumirem as suas responsabilidades democráticas e tomarem as decisões apropriadas que permitirão uma rápida reconciliação e evitar mais violência”, disse a responsável da UE.
A Bolívia sofre uma grave crise desde a proclamação de Evo Morales como Presidente para um quarto mandato consecutivo nas eleições de 20 de Outubro.
A oposição e os movimentos da sociedade civil alegam que houve fraude eleitoral.
O chefe de Estado Evo Morales anunciou hoje que vai convocar novas eleições, depois de a Organização dos Estados Americanos (OEA) ter recomendado a repetição da primeira volta, realizada em 20 de Outubro, que o deu como vencedor.
“Decidi convocar novas eleições”, afirmou hoje o Presidente boliviano, citado pela agência de notícias Efe, a partir do hangar presidencial do aeroporto internacional de El Alto, cidade vizinha de La Paz.
Evo Morales assegurou que as novas eleições se realizarão com um órgão eleitoral renovado, face às denúncias de fraude na primeira volta, e que haverá “novos actores políticos”, sem adiantar datas.
O chefe de Estado boliviano afirmou também que concordou em revogar todos os membros do Supremo Tribunal Eleitoral, que a oposição e os comités civis acusam de fraude eleitoral na vitória que concedeu a Morales um quarto mandato consecutivo, até 2025.
Nesse sentido, o Presidente adiantou que o parlamento boliviano, órgão competente para renovar o Tribunal Eleitoral, iniciará em breve o processo de nomeação de novos membros.
O Presidente da Bolívia acrescentou que tomou a decisão para “diminuir toda a tensão” e “pacificar a Bolívia”.
Os confrontos entre apoiantes e opositores do Presidente da Bolívia desde o dia seguinte às eleições causaram pelo menos três mortos e 384 feridos, segundo dados da Provedoria da Bolívia.
A OEA anunciou hoje que “a primeira ronda das eleições realizada em 20 de Outubro deve ser anulada e o processo eleitoral deve começar de novo”.
A organização adiantou, em comunicado, que deve repetir-se a “primeira ronda assim que houver condições que deem novas garantias para a sua realização, entre elas, uma nova composição do corpo eleitoral”.