“O que ainda falta é vontade política”, sendo “fundamental pôr o mundo em linha com o que a comunidade científica definiu” como objectivos para lutar contras as alterações climáticas, disse António Guterres em conferência de imprensa.
As declarações foram feitas no centro de conferências onde a partir de segunda-feira se vai realizar a Cimeira sobre as alterações Climáticas, conhecida como COP25.
Para o ex-primeiro-ministro português “durante muitos séculos a espécie humana esteve em guerra com o planeta e o planeta está agora a contra-atacar”: “Temos de parar a nossa guerra contra a natureza e a ciência diz que podemos fazê-lo”, sublinhou Guterres.
Meia centena de líderes mundiais vão estar presentes na segunda-feira na abertura da Cimeira sobre Alterações Climáticas de Madrid, numa cerimónia presidida pelo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e por António Guterres.
Ao todo são esperadas delegações de 196 países, assim como os mais altos representantes da União Europeia e várias instituições internacionais.
“Há a necessidade de encontrar a ambição de aumentar a responsabilidade colectiva, e a COP25 é uma oportunidade excelente para que essa responsabilidade possa ser exercida”, afirmou o secretário-geral das Nações Unidas, repetindo que os desafios “exigem uma muito maior ambição do que a expressa até agora”.
Esta ‘cimeira do clima’ estava inicialmente prevista para se realizar no Chile, mas no final de Outubro o governo chileno decidiu cancelar o evento alegando não haver condições devido a um movimento de contestação interna e de agitação civil.
O Governo espanhol avançou com a proposta de organizar a grande conferência anual sobre Alterações Climáticas e conseguiu ter tudo pronto para a sua inauguração na segunda-feira, em Madrid, apesar de a presidência da reunião continuar a pertencer ao Chile.
António Guterres realçou que a sua mensagem também é de “esperança e não de desespero”, sendo necessário seguir o “roteiro” definido pelos cientistas.
Espero da COP25 “uma clara demonstração de vontade em fazer alguma coisa”, concluiu o secretário-geral das Nações Unidas.
Segundo os objectivos definidos pela comunidade científica e em acordos assinados, mas ainda não ratificados por todos os países do mundo, nomeadamente os Estados Unidos, um dos mais poluidores, é necessário limitar a menos os de 1,5 graus o aumento da temperatura global até ao fim do século.
O chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez, acompanhado pelo secretário-geral das Nações Unidas, o português António Guterres, vai presidir hoje à sessão de abertura da cimeira, que tem como lema "É tempo de actuar".
A cimeira sobre o clima estava inicialmente prevista para se realizar no Chile, mas no final de Outubro o Governo chileno decidiu cancelar o evento alegando não haver condições devido a um movimento de contestação interna e de agitação civil.
A conferência acontece a praticamente um mês da entrada em vigor do Acordo de Paris, marcada para 2020, ano em que os países signatários devem apresentar medidas concretas para limitar o aumento da temperatura global e estabelecer novas metas para conter as suas emissões carbónicas.
Uma das questões centrais e que poderá obrigar a maratonas negociais é a criação de um mercado global de licenças de emissões carbónicas, que não existe e que actualmente é uma manta regional fragmentada de venda e troca de licenças para poluir.
Do lado da ciência, o sentido de emergência é claro: os mais recentes relatórios do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas apontam um cenário já irreversível de subida da temperatura global, subida dos níveis dos oceanos e uma cascata de efeitos combinados que significam catástrofes ambientais nas próximas décadas.
Para cumprir o objectivo definido em Paris em 2015, de limitar o aumento da temperatura global face aos níveis pré-industriais até 2100, será necessária uma redução anual de 7,6% das emissões de dióxido de carbono, segundo os últimos dados das Nações Unidas.
A par da COP25, organizações não governamentais e da sociedade civil promovem uma agenda paralela de actividades, nas quais pontua a presença da activista sueca Greta Thunberg, o rosto de um movimento mundial protagonizado por muitos estudantes - em greves às aulas pelo clima - de contestação e exigência de respostas aos líderes mundiais.
A activista sueca partiu em 13 de Novembro do porto norte-americano Salt Ponds, no Estado de Virgínia, num catamarã, prevendo chegar a Lisboa, a caminho de Madrid, na terça-feira.