O Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA afirma em comunicado, datado de 12 de novembro e divulgado hoje, que "condena veementemente tais atos injustificáveis, que passam a ser recorrentes por parte das autoridades, numa lógica de regressão e ataques aos fundamentos do Estado Democrático e de Direito, numa altura em que Angola celebra 45 anos de independência".
A UNITA considera que a intervenção policial na manifestação, "que culminou com a morte de um dos manifestantes, o ferimento de muitos e a detenção de outros, incluindo o jornalista da Rádio Ecclesia em Cabinda e o correspondente da agência Reuters em Angola" constitui "abuso de poder" e "grosseira violação" do direito "de "expressão e pensamento".
O principal partido da oposição angolana refere ainda uma invasão de domicílio "protagonizada por efetivos dos Serviços de Investigação Criminal - SIC na residência de Dom Belmiro Chissengueti, Bispo de Cabinda".
A UNITA defende que o Governo deve "colocar um ponto final nos atos dos agentes dos órgãos de defesa e segurança que atropelam reiteradas vezes a Constituição e a Lei, criando um clima de terror e insegurança no seio das populações".
Para a UNITA, o "diálogo franco e abrangente foi, é e continuará a ser o melhor caminho para a solução dos problemas que afligem a sociedade angolana, consubstanciados na falta de emprego, elevado custo de vida e o adiamento das autarquias locais vistas como uma ponte para o desenvolvimento das comunidades", lê-se no comunicado.
Na quarta-feira, a polícia angolana negou que uma pessoa tenha morrido durante os confrontos em Luanda com jovens que se queriam manifestar, garantindo ter usado apenas meios não letais para obrigar ao cumprimento da lei.
Em declarações aos jornalistas, o comandante provincial de Luanda, Eduardo Cerqueira, disse que o cidadão que foi dado como morto está internado no hospital Américo Boavida e recebeu tratamento hospitalar.
Sem indicar quantos manifestantes foram detidos, Eduardo Cerqueira adiantou que "foram recolhidos vários cidadãos com intuito de afastá-los das áreas onde se estavam a registar os factos", incluindo dois jornalistas que foram levados para a esquadra.
Eduardo Cerqueira garantiu que a polícia não usou balas reais. "Isso seria um genocídio", considerou, acrescentando que os feridos resultam da carga "aplicada contra quem aplica carga contra a polícia", a fim de "neutralizar os indivíduos".