"Normalmente nos países africanos o militar vai ao poder através de golpe de Estado. Eu fiz o contrário, deixei a arma numa arrecadação e decidi meter-me entre os políticos", declarou o candidato, também deputado eleito pelo Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe -- Partido Social Democrata (MLSTP-PSD, no poder).
Durante uma acção de campanha na marginal da capital são-tomense, Victor Monteiro distribuiu máscaras entre apoiantes e vendedoras, a quem mostrava a mão aberta com os dedos esticados, representando o número 5, o lugar que ocupará no boletim de voto no próximo domingo.
Para África, quer ser "um exemplo", disse à Lusa, acrescentando: "Não se deve pegar em armas para atingir o poder, mas sim através de meios democráticos".
Victor Monteiro aponta este como um dos dois aspectos da sua candidatura.
O outro, explicou, é a "miscigenação sociocultural de São Tomé e Príncipe e que representa a sua imagem de marca do mundo".
Do leque dos 19 candidatos que se apresentaram à corrida, há "doutores, historiadores, professores, engenheiros, camponeses, também um militar", elencou.
"Tem forro, tem angolares [crioulos são-tomenses], também tem um são-tomense de origem cabo-verdiana, que sou eu", comentou.
Victor Monteiro traça uma linha de demarcação em relação aos seus adversários: "Eu não tenho nenhum caso de corrupção sobre as minhas costas, então isto é uma vantagem muito grande para mim".
Da sua candidatura, com o lema "Fidelidade e Amor à Pátria", a prioridade é, disse, tentar passar "a imagem da 'santomensidade'", ou seja, "a promoção da imagem de São Tomé e Príncipe pelo mundo fora, que desapareceu", e "depois, o orgulho de ser são-tomense".
Por outro lado, caso seja eleito para o 'Palácio Cor-de-Rosa', pretende "consultar alguns dossiês junto do Governo para pôr os pontos nos is".
"Transformou-se São Tomé e Príncipe numa propriedade privada de alguns políticos, já 'pré-auto-selecionados' e tratam isso [o país] como se fosse uma empresa privada deles", criticou.
"Eu quero salvar o que é possível salvar, resgatar o país, porque o futuro pode ser melhor. Eu quero que amanhã os são-tomenses digam que valeu a pena eleger um militar para o cargo de Presidente da República", disse, afirmando-se convicto de que conseguirá "fazer diferente".
Um total de 19 candidatos disputam, no próximo domingo, a sucessão ao Presidente cessante, Evaristo Carvalho, que não concorreu a um segundo mandato.