COP26: Ecologistas consideram acordo "demasiado pobre" em ambição

PorExpresso das Ilhas, Lusa,14 nov 2021 10:45

"Estamos a ficar sem tempo para actuar", alertam ambientalistas
"Estamos a ficar sem tempo para actuar", alertam ambientalistas

Até para o Secretário-Geral da ONU, apesar do que foi alcançado em Glasgow, “a catástrofe climática continua a bater à porta"

A Cimeira do Clima das Nações Unidas (COP26) adoptou formalmente, este sábado, a declaração final, com uma alteração de última hora proposta pela Índia, que suaviza o apelo ao fim do uso de carvão.

Para a associação ambientalista Amigos da Terra, a COP26 foi a cimeira "mais excluidora da História", tendo a responsável Cristina Alonso, assinalado uma "falta de ambição no acordo", que irá conduzir a "um aumento da temperatura global muito superior ao que a ciência determina, e ao que a sociedade civil de todo o mundo reclama".

"Estamos a ficar sem tempo para actuar", alertou.

David Howell, da SEO/BirdLife, assinalou, no encontro, que, globalmente, o resultado da cimeira é "totalmente insuficiente" porque, apesar de figurarem no acordo o abandono dos combustíveis fósseis e os subsídios associados, "ficou expresso em termos demasiado tímidos para impulsionar a transformação colossal necessária".

Na opinião do ambientalista, o limite de aquecimento global de 1,5 graus "está ainda longe", e este ano deram-se "passos modestos", quando “deveriam ter sido dados passos de gigante”, pelo que nos próximos anos "terão de ser dados passos muito maiores e com custos mais elevados".

Howell criticou ainda os "atrasos no financiamento" dos países mais vulneráveis perante a emergência climática, com a vida e o sustento de milhões de pessoas "em grave risco permanente"

Por seu turno, a associação ambientalista Greenpeace advertiu que a decisão saída da COP26 "é débil", e criticou o facto de a Índia ter introduzido, no último momento, uma modificação em que se fala de "redução progressiva", em vez da eliminação do carvão.

A directora da Greenpeace Internacional, Jennifer Morgan, assinalou que “apesar do acordo reconhecer a necessidade de reduzir as emissões nesta década, esses compromissos foram adiados para o ano que vem".

A emenda na declaração final da Cimeira do Clima (COP26) proposta pela Índia considera a redução do uso de carvão, ao contrário da sua eliminação, numa proposta vinda do ministro do Ambiente indiano, Bhupender Yadav, que, no plenário de encerramento, pediu para mudar a formulação de um parágrafo em que se defendia o fim progressivo do uso de carvão para produção de energia sem medidas de redução de emissões.

A Índia quis substituir o fim progressivo - "phase-out" - por uma redução progressiva - "phase down" -, uma proposta que foi aceite com manifestações de desagrado de várias delegações, como a Suíça e a União Europeia, e ainda de países mais vulneráveis às alterações climáticas.

A proposta acabou por ser aprovada pelo presidente da cimeira, Alok Sharma, que afirmou de voz embargada "lamentar profundamente a forma com este processo decorreu".

O documento final aprovado, que ficará conhecido como Pacto Climático de Glasgow, preserva a ambição do Acordo de Paris, alcançado em 2015, de conter o aumento da temperatura global em 1,5ºC (graus celsius) acima dos níveis médios da era pré-industrial.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, comentou o acordo alcançado em Glasgow alertando que apesar de "passos em frente que são bem-vindos, a catástrofe climática continua a bater à porta".

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,14 nov 2021 10:45

Editado porJorge Montezinho  em  15 ago 2022 23:28

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