"Não é a primeira vez que tomamos este tipo de decisão (...), hoje estamos num período sensível e as regras são rigorosas", disse à agência France-Presse Albert Yaloké Mokpeme.
Este anúncio ocorre após as Nações Unidas, a França e os Estados Unidos acusarem várias vezes o exército centro-africano e os seus aliados, paramilitares russos, de cometer crimes e abusos contra civis nos seus combates contra os rebeldes e outros grupos armados.
No total, 74 nomes de militares centro-africanos colocados em diferentes cidades do país constam de um documento oficial do Ministério da Defesa e lido na rádio há uma semana.
Os militares referidos são afastados por, entre outros, deserção, atentado contra a segurança do Estado, evasão e assalto à mão armada.
A República Centro-Africana vive uma situação de violência sistémica desde 2012, quando uma coligação de grupos rebeldes de maioria muçulmana - a Séléka -- tomou Bangui e derrubou o Presidente François Bozizé, desencadeando uma guerra civil.
Como resistência contra os ataques de Séléka, foram criadas milícias cristãs anti-Balaka, que, tal como o primeiro grupo, acabaram por se dividir em várias facções armadas.
Dois terços do país - rico em diamantes, urânio e ouro -- chegaram a ser controlados por milícias e, segundo a ONU, cerca de 692.000 pessoas fugiram das suas casas por causa da violência.
Após uma rebelião há mais de um ano, o Presidente da RCA, Faustin Archange Touadéra, pediu a Moscovo para apoiar o seu exército, pobre e mal treinado, ao que a Rússia respondeu enviando centenas de paramilitares russos, que se juntaram a muitos outros, no terreno há três anos.
A ONU diz tratar-se de combatentes da sociedade privada russa de segurança Wagner, enquanto Moscovo assegura tratar-se de "instrutores não armados".
As forças armadas centro-africanas e os seus aliados russos recuperaram a maior parte do território, empurrando os rebeldes e outros grupos armados para fora das cidades e dos seus principais bastiões.
No entanto, segundo a ONU, estes avanços custaram ao país numerosas violações de direitos humanos, enquanto a França e os Estados Unidos falam em "massacres" e "execuções" de civis.
Os grupos armados continuam a realizar acções furtivas de guerrilha contra as forças de segurança e são também acusadas pela ONU de crimes contra os civis.
Já este mês, a revista African Report noticiou que os mercenários russos que estavam em Bamako, capital do Mali, e em Bangui, na República Centro-Africana, foram enviados para combater na Ucrânia.
O grupo russo Wagner, que é financiado por Yevgeny Prigozhin, um amigo de Putin, tem mais de 2.000 homens na RCA, divididos entre Bangui, Berengo e a parte interior do país.