Vice-presidente do Sudão do Sul alerta para retorno à guerra civil

O vice-presidente do Sudão do Sul pediu aos mediadores regionais que intervenham para proteger o frágil acordo de paz do país e alertou para o retorno à guerra face a alegados ataques das tropas governamentais às suas forças.

O pedido consta de uma carta enviada por Riek Machar ao mediador regional, a Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD, na sigla em inglês), e nele o vice-presidente acusa o Presidente Salva Kiir de violar a trégua assinada em 2018.

"A situação de segurança no Sudão do Sul tem-se vindo a deteriorar nos últimos meses", escreveu Machar, que solicita, "com urgência", a intervenção da IGAD e de outros parceiros internacionais "para que o Presidente Salva Kiir não leve o país de volta à guerra".

Sinal visível da tensão no país, foi hoje o reforço, com desdobramento de um forte destacamento militar na capital, Juba, perto do aeroporto internacional e do palácio presidencial.

Citado pela agência Associated Press, Puok Both, porta-voz de Machar, confirmou o envio de tropas do governo para partes de Juba, dizendo que desconhecer a intenção do Presidente Salva Kiir.

Não foi possível obter um comentário do porta-voz presidencial.

Tropas do governo do Sudão do Sul e forças leais a Machar entraram em confronto recentemente nos estados do Alto Nilo e Unity, considerado redutos de Machar.

Havia grandes esperanças de paz e estabilidade quando o Sudão do Sul, um país rico em petróleo, conquistou a independência do Sudão em 2011. Mas o país entrou em guerra civil em dezembro de 2013, em grande parte devido a divisões étnicas, quando forças leais a Kiir lutaram contra as leais a Machar.

Dezenas de milhares de pessoas foram mortas na guerra civil que terminou com um acordo de paz de 2018 que uniu Kiir e Machar num governo de unidade nacional.

Mas os desafios permanecem, incluindo o fracasso do governo em aplicar as reformas prometidas, incluindo a conclusão da unificação do comando do exército.

Kiir emitiu na sexta-feira um decreto no qual ofereceu cinco cargos de comando no exército e na polícia aos seus rivais, uma decisão unilateral contestada por Machar.

Os Estados Unidos da América, o Reino Unido e a Noruega -- a 'troika' que apoia o acordo de paz do Sudão do Sul -- disseram na semana passada que estavam preocupados que o novo surto de combates ameace minar a unidade do governo.

Um grupo de especialistas das Nações Unidas alertou num relatório divulgado no ano passado que "a estabilidade do Sudão do Sul continua em risco" como resultado de prazos não cumpridos e do impasse político em questões-chave no acordo do governo de unidade nacional.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Expresso das Ilhas,28 mar 2022 17:35

Editado porAndre Amaral  em  28 mar 2022 17:35

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