Os confrontos opuseram grupos representantes da comunidade Banyamulenge (congoleses tutsi de origens ruandesas) a uma milícia da comunidade mai-mai, a FABB (Força de Autodefesa de Biloze Bishambuke), quando decorrem em Nairobi negociações entre as autoridades congolesas e grupos armados.
No sábado, "elementos da FABB reagiram ao que consideraram uma provocação" dos grupos Twirwaneho, Ngumino e Androide, acusados de se terem instalado em duas aldeias consideradas até então como zonas neutras entre os dois grupos, explicou Gady Mukiza, burgomestre da comuna rural de Minembwe, citado pela agência France-Presse.
Segundo a mesma fonte, os combates fizeram seis mortos e vários feridos.
Os grupos Twirwaneho e Ngumino estavam entre os representados nas reuniões realizadas recentemente entre as autoridades da RDCongo e os grupos armados activos há anos no leste do país.
Após cinco dias de trabalhos, a primeira ronda de negociações terminou na quarta-feira.
"Infelizmente, a reunião de Nairobi não conseguiu pôr fim aos confrontos entre grupos armados no território de Fizi", disse Josaphat Musamba, investigador do Instituto Pedagógico Superior de Bukavu, que trabalha com grupos armados no norte e no sul do Kivu.
"O Estado congolês pede aos grupos armados (...) que se juntem ao programa de desarmamento e reinserção", mas, nesta região, os grupos armados enfrentam-se por questões de ocupação territorial", afirmou o universitário, acrescentando que o FABB terá ficado zangado por não ter sido convocado a Nairobi.
As conversações de Nairobi começaram depois de, no passado dia 14, líderes da Comunidade da África Oriental (EAC, na sigla em inglês) - RDCongo, Burundi, Uganda, Ruanda, Quénia, Tanzânia e Sudão do Sul - se reunirem em Nairobi com o objectivo de resolver a insegurança que atinge as províncias do leste do Congo.
Durante a cimeira, os dirigentes recordaram que deve ser realizado o mais rapidamente possível um diálogo consultivo entre o Presidente da RDCongo (país que aderiu à EAC em Março) e os representantes dos grupos armados que operam neste país africano.
Concordaram também em estabelecer uma força militar regional na RDCongo para enfrentar a insegurança no nordeste daquele país africano.
Desde 1998, o leste da RDCongo vive um conflito alimentado por milícias rebeldes e ataques de soldados do Exército, apesar da presença da missão de paz das Nações Unidas no país (Monusco), com mais de 14 mil efectivos.
De acordo com o 'think-tank' Barómetro de Segurança Kivu (KST, na sigla em inglês), a região é campo de batalha para pelo menos 122 grupos rebeldes.
O Governo da RDCongo impôs o estado de sítio nas províncias de Ituri e Kivu do Norte em maio de 2021 e os exércitos da RDCongo e do Uganda lançaram uma operação conjunta no final de Novembro passado que ainda está em andamento, embora a situação no terreno não tenha experimentado uma melhoria.