Como combater a poluição nos oceanos? Com saneamento básico

PorExpresso das Ilhas, DW,2 jul 2022 11:33

Na África Subsaariana, apenas 24% da população tem acesso a água potável e 28% tem saneamento básico
Na África Subsaariana, apenas 24% da população tem acesso a água potável e 28% tem saneamento básico

Especialista cabo-verdiana Leila Neves diz que é preciso impedir que o lixo e os esgotos continuem a ser despejados no mar.

Esta semana, um dos grandes anúncios na Conferência dos Oceanos das Nações Unidas foi a promessa da Austrália de que, ao longo da próxima década, vai dedicar 1,1 mil milhões de euros à preservação da Grande Barreira de Coral, para combater os efeitos das alterações climáticas.

Várias nações africanas anunciaram também que vão reforçar os mecanismos de protecção dos oceanos; o Quénia anunciou, por exemplo, que vai criar o crime de "ecocídio".

Mas segundo a especialista cabo-verdiana Leila Neves, um dos primeiros passos para proteger os oceanos é a aposta na melhoria do saneamento básico. É preciso impedir que o lixo e os esgotos continuem a ser despejados no mar.

"O saneamento básico contribuirá para a qualidade de vida das pessoas. É por ali que temos que começar", afirma a representante do comité científico da Década dos Oceanos, em Cabo Verde.

Leila Neves diz que "cada um tem que ter as condições básicas de vida para que possa se preocupar com o seu entorno. Se nós não olharmos para o saneamento básico, como é que vamos pensar em avanços científicos?"

Plástico é um dos problemas

Milhares de toneladas de plástico e microplástico vão parar aos oceanos, e esse plástico coloca em perigo os animais marinhos.

Os ambientalistas brasileiros estão preocupados. Segundo um relatório da organização não-governamental Oceana, 85% dos animais que ingerem lixo nos mares, incluindo plástico, são espécies ameaçadas de extinção.

Pedro Ramalhão, professor da Universidade de São Paulo, no Brasil, alerta para a necessidade de sensibilizar os políticos e a população em geral para os problemas do saneamento básico.

"O Brasil está na época medieval em termos de saneamento básico. Ainda falta muito investimento, embora já tenham sido investidos 50 [mil milhões] de reais, cerca de dez [mil milhões] de dólares no saneamento e tratamento dos esgotos, tal como na questão do destino correto dos resíduos."

O Governo brasileiro quer universalizar o acesso a serviços de saneamento básico até 2033. Para melhorar o tratamento da água e dos esgotos será preciso envolver vários actores, incluindo governantes, indústria e comércio.

Para já, segundo o Ministério do Desenvolvimento Regional, 100 milhões de brasileiros não têm esgotos tratados e 35 milhões de pessoas não têm acesso a água tratada.

Um esforço hercúleo

Paulo Coelho, investigador sobre assuntos de acidificação e circulação do mar em Angola, refere que, no país, a tarefa de levar o saneamento básico a todos também é gigantesca.

"Não é um problema fácil, nós temos uma costa de 1.640 quilómetros e uma população de mais de 30 milhões, e não é fácil trabalhar. É preciso congregar uma série de esforços para resolver o problema do saneamento."

As autoridades reconhecem que o saneamento básico continua a ser uma "batalha" no país. Este mês, a imprensa angolana noticiou que o Executivo de João Lourenço pretende criar uma entidade independente para regular o abastecimento de água potável, energia eléctrica e saneamento básico.

O Presidente angolano realçou esta semana, na Conferência dos Oceanos, que é necessário agir com a "máxima urgência" para travar "a actual tendência de poluição dos mares e oceanos", bem como a "exploração desregrada dos recursos marinhos".

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Autoria:Expresso das Ilhas, DW,2 jul 2022 11:33

Editado porJorge Montezinho  em  3 jul 2022 9:35

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