Para a consultora Oxford Economics o "financiamento barato é uma coisa do passado", principalmente para os mercados de fronteira, entre os quais está o continente africano, que vai enfrentar menos financiadores e mais inflação.
O relatório sobre as condições de financiamento dos países africanos nota que apesar das dificuldades, os países africanos têm "avenidas de financiamento" que estão disponíveis e que devem ser usadas para compensar o aumento dos custos de financiamento.
"Acreditamos que há avenidas de financiamento que podem ser exploradas, incluindo uma maior utilização das opções de financiamento concessional, preferencialmente sustentado numa iniciativa do Banco Mundial ou do Fundo Monetário Internacional, e os títulos de dívida ambientais, sociais e de governação (ESG, na sigla em inglês) também oferecem um preço competitivo e apoiam a governação e a responsabilização", lê-se ainda no relatório.
Os analistas da Oxford Economics chamam a atenção para a possibilidade de chegar a haver um défice de financiamento devido à redução da liquidez disponível nos mercados internacionais, num contexto que, alertam, "não é favorável às boas condições de financiamento para os frágeis emissores africanos, o que obriga as nações que se querem endividar a explorar opções alternativas de financiamento".
Uma dessas opções, notam, é o endividamento interno, como Angola está a tentar fazer, aproveitando o lançamento da bolsa de valores e o interesse de investidores estrangeiros na economia local devido ao bom momento das condições macroeconómicas.
"O apetite para a dívida emitida em moeda local está a aumentar, num contexto em que a elevada inflação e os riscos cambiais, como por exemplo depreciações descontroladas, minam a atractividade, pelo contrário, os investidores antecipam um política monetária mais restritiva por parte das autoridades nacionais, o que beneficia o preço dos títulos", escrevem os analistas.
A Oxford Economics, no relatório sobre as condições de financiamento dos países africanos, recomenda ainda que os países evitam contrair mais dívida comercial porque "coloca em risco a sustentabilidade" e defendem, ao invés, que "os emissores africanos de dívida precisam de explorar opções mais baratas, incluindo o mercado de dívida concessional ou instrumentos mais direccionados e mais propícios ao crescimento, como os títulos de 'dívida verde'".