Ruben Maye Nsue Mangue foi preso na noite de 07 de Agosto em Mongomo, o distrito natal e reduto do chefe de Estado, onde tinha sido convocado para uma "reunião" com representantes locais do Partido Democrático da Guiné Equatorial (PDGE) no poder, disse um dos irmãos do detido, Ruben Monsuy, citado pela France-Presse.
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, de 80 anos, é o Presidente há mais tempo no poder, liderando há 43 anos a Guiné Equatorial, um pequeno país rico em petróleo que tem governado com mão de ferro desde um golpe de Estado, em 1979.
Após a reunião em Mongomo, "Ruben foi preso e levado para um destino desconhecido depois de se recusar a pedir perdão ao chefe de Estado", disse o irmão, acrescentando que a família não sabe onde ele está agora".
Contactados pela AFP, os ministros da Informação e da Justiça da Guiné Equatorial recusaram-se a responder a perguntas sobre o destino do antigo ministro da justiça (de 1998 a 2004), que foi nomeado embaixador da Guiné Equatorial nos Estados Unidos da América em 2013.
Cinco dias após a prisão do ex-ministro, o Ministério da Justiça emitiu uma ordem proibindo-o de exercer como pastor e acusando-o de apelar à "violência e de provocar desordem pública".
Em 25 de Julho, Mangue tinha denunciado, numa gravação áudio que se tornou viral na plataforma social WhatsApp, a gestão do país por Obiang, que descreveu como um "demónio" que "mantém refém o seu povo", e apelou a um "diálogo nacional".
O Pacto Político pró-democracia, da oposição, que inclui partidos exilados, grupos da sociedade civil e organizações de direitos humanos, confirmou que o ex-ministro está em paradeiro desconhecido "sem um mandado ou a ser presente a tribunal no prazo de 72 horas", como exigido por lei, disse Guillermo Nguema Ela, o coordenador do grupo.
"Estamos a fazer soar o alarme [...], a sociedade civil está preocupada com o desaparecimento de Ruben Maye", disse Joaquin Elo Ayeto, um opositor que esteve preso durante um ano e depois condenado por "difamação e ameaças" contra o chefe de Estado, tendo sido libertado em Fevereiro de 2020.
O coordenador da organização de direitos humanos Somos+ Sociedad Civil acredita que esta detenção e a falta de informação sobre o destino de Ruben Maye Mangue pretende criar um "ambiente pré-guerra na véspera das eleições legislativas", agendadas para o outono.
As ONG internacionais denunciam regularmente a repressão de qualquer oposição na Guiné Equatorial, nomeadamente através de detenções arbitrárias, desaparecimentos forçados e até mesmo tortura.
A Guiné Equatorial é membro da Comunidades dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) desde Julho de 2014.