Líbano fecha bancos por 3 dias após repetidos assaltos por depositantes

PorExpresso das Ilhas, Lusa,16 set 2022 14:12

Os bancos do Líbano vão fechar durante três dias, decidiu hoje a associação nacional do sector, após repetidos ataques a agências por depositantes armados para resgatarem as suas poupanças, bloqueadas há anos pela crise de liquidez no país.

Em comunicado, a Associação de bancos do Líbano denunciou os recentes assaltos a sucursais, que só hoje foram sete em diferentes cidades do país, e disse que o seu "Conselho de Administração decidiu fechar os bancos nos dias 19, 20 e 21 de Setembro face ao sucedido".

Indicou ainda que "a decisão foi tomada após os repetidos ataques a bancos mas também ataques físicos a funcionários bancários e à sua dignidade, e tendo em conta os riscos que estas agressões representam para os outros clientes".

Por seu lado, o ministro do Interior do governo em exercício, interino, Bassam Maulaui, convocou uma "reunião de emergência do Conselho Central de Segurança Interna para discutir as medidas que podem ser tomadas após os acontecimentos emergentes nos bancos", segundo anunciou em comunicado.

A onda de assaltos a bancos por aforradores está a aumentar, com estes a exigirem a devolução dos seus depósitos, bloqueados pela falta de liquidez em moeda estrangeira, agravada nos últimos meses pela crise económica libanesa, com uma queda drástica do valor da moeda local.

Segundo a agência noticiosa nacional do Líbano, NNA, pelo menos sete ataques semelhantes ocorreram hoje, um deles na cidade mediterrânica de Sidon, por um homem que acabou detido, depois de ter entrado no Banco Byblos "com uma arma militar e ameaçado incendiar o local se não lhe entregassem o seu dinheiro".

Noutras agressões, segundo a NNA, os aforradores usaram a mesma tática, apoiada por dezenas de manifestantes que se reuniram em frente aos bancos.

"Iniciou-se a operação de libertação dos depósitos (...) e a batalha começou com os bancos... é hora de recuperar os nossos direitos", gritou Ibrahim Abdullah, porta-voz de uma associação de depositantes, num vídeo publicado na página de Facebook do grupo.

A gravação mostrava dezenas de pessoas, na sua maioria aforradores, fora do banco Blom, no sul da capital, expressando simpatia por um alegado atirador que ocupou a sucursal durante mais de três horas.

"Não se trata de tomar bancos, mas de desbloquear os nossos depósitos", sublinhou Abdullah.

O sistema bancário, impulsionado pelas elevadas taxas de juro oferecidas após o fim da guerra civil libanesa em 1990, tornou-se o detentor da maior parte da dívida que o Estado emitia para suportar o seu défice orçamental, no meio da corrupção endémica e das perdas registadas pelas empresas estatais.

No final de 2019, as entidades não tinham liquidez suficiente para entregar dólares a todos os aforradores que tinham depositado naquela moeda e o sistema entrou em colapso, o que levou os bancos a imporem medidas informais de controlo de capital, fazendo com que as contas em dólares fossem praticamente bloqueadas.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,16 set 2022 14:12

Editado porAndre Amaral  em  17 set 2022 9:06

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