"Tenho certeza, uma investigação será certamente aberta", afirmou Raisi aos jornalistas à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova York, indicando que o relatório do médico legista não mencionou abusos da polícia.
A jovem Mahsa Amini, de 22 anos, foi detida na terça-feira passada pela designada "polícia de moralidade" de Teerão, onde se encontrava de visita, por alegadamente trazer o véu de forma incorrecta e transferida para uma esquadra com o objectivo de assistir a "uma hora de reeducação".
Morreu três dias mais tarde num hospital onde chegou em coma após sofrer um ataque cardíaco, que as autoridades atribuíram a problemas de saúde, versão rejeitada pela família.
Desde então multiplicaram-se os protestos em pelo menos 20 cidades, com a morte de pelo menos 17 pessoas, segundo a televisão estatal iraniana.
A Iran Human Rights (IHR), uma organização não governamental (ONG) sediada em Oslo, referiu-se a um balanço mais elevado, ao referir-se a pelo menos 31 civis mortos no Irão desde o início das manifestações.
"O povo iraniano desceu às ruas para se bater pelos direitos fundamentais e a sua dignidade humana (...) e o Governo respondeu a estas manifestações pacíficas com balas", denunciou em comunicado o director da ONG, Mahmood Amiry Moghaddam, ao emitir um balanço após seis dias de protestos.
Em paralelo, a poderosa Guarda Revolucionária do Irão definiu ainda hoje como "sedição" os protestos por Masha Amini e pediu ao poder judicial que proceda ao julgamento "de quem dissemina rumores e mentiras" nas redes sociais e nas ruas.
O corpo militar referia-se aos recentes actos de "sedição" que foram "organizados pelo inimigo", num duro comunicado onde também envia condolências à família da falecida.
"Pedimos ao judiciário que identifique os que disseminam rumores e mentiras nas redes sociais e nas ruas e actue decididamente contra eles", acrescentou esta divisão de elite das Forças armadas iranianas.
Na noite de quarta-feira o Governo iraniano bloqueou a internet quase totalmente e condicionou as aplicações WhatsApp e Instagram, numa aparente tentativa de controlar os protestos.