A ameaça paira sob campanha para intercalares após assalto ao Capitólio

PorExpresso das Ilhas, Lusa,7 nov 2022 8:22

A campanha para as intercalares norte-americanas de terça-feira é a primeira desde o assalto ao Capitólio, em 2021, e as medidas de segurança rodeando os candidatos foram mais apertadas do que o habitual.

Em 28 de Outubro, no mesmo dia em que o octogenário marido da presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, foi violentamente atacado por um homem que invadiu a residência do casal em São Francisco, os serviços de informações norte-americanos emitiram um alerta para episódios de "extremismo interno violento" (DVE, na sigla em língua inglesa).

"Os alvos potenciais da violência de DVE incluem candidatos a cargos públicos, funcionários eleitos, agentes eleitorais, comícios políticos, representantes de partidos políticos, minorias raciais e religiosas ou oponentes ideológicos percebidos", indicava o alerta a que alguns meios de comunicação social norte-americanos tiveram acesso.

O alerta foi enviado para o Departamento de Segurança Interna (DHS), o Departamento Federal de Investigação (FBI, na sigla em inglês), o Centro Nacional de Contraterrorismo (NCTC) e a Polícia do Capitólio(USCP), antecipando que "a violência dependerá em grande parte de motivações como queixas e a acessibilidade de alvos potenciais durante todo o ciclo eleitoral" e que a ameaça "mais plausível" antes do dia das eleições vem de "infractores solitários que aproveitam questões relacionadas com as eleições para justificar a violência", com muitos indivíduos ainda amplificando narrativas falsas de fraude que remontam às presidenciais de 2020 e, em concreto, à derrota do Republicano Donald Trump.

O alerta acabou por passar quase despercebido, com as atenções a focarem-se no assalto à residência Pelosi, por um adepto de teorias da conspiração munido de algemas e um martelo que perguntava "Onde está Nancy? Onde está Nancy?". Do assalto resultou a hospitalização do marido da dirigente Democrata, que estava sozinho em casa na altura.

As campanhas eleitorais norte-americanas fazem-se de comícios, contacto porta-a-porta com eleitores, acções de angariação de fundos partidárias - muitas vezes nas casas de mecenas apoiantes de Republicanos ou Democratas - e outros eventos presenciais. Mas nestas intercalares foi possível observar um aperto das medidas de segurança em torno dos candidatos.

Em Nova Iorque, a agenda eleitoral de candidatos Democratas e Republicanos permanece oculta.

À Lusa, equipas de campanha de vários candidatos disseram que os comícios estão a ser agendados no próprio dia e, em muitos casos, não haverá nenhum evento público na noite eleitoral de 08 de Novembro.

Nos 'sites' de campanha e nas redes sociais dos candidatos também são raras as divulgações de data e local de comícios. Apenas no final dos eventos são divulgados trechos do que ocorreu nesses comícios.

Nas redes sociais da candidata democrata Alexandria Ocasio-Cortez, por exemplo, é possível encontrar datas e locais de eventos de campanha a decorrer nos próximos dias, como entrega de panfletos em zonas residenciais, mas nenhum deles contará com a presença da própria deputada.

Por e-mail, a equipa da democrata informou que "não realizará nenhum evento público na noite da eleição", sem justificar o motivo.

Já a equipa da candidata Republicana Nicole Malliotakis disse à Lusa que os seus eventos de campanha estão a ser agendados no próprio dia, e a equipa do Democrata Max Rose indicou não ter planeado nenhum evento para a noite de 08 de Novembro.

Apesar de não ter sido esclarecido se a ausência de informações prévias sobre eventos de campanha em Nova Iorque está relacionada com questões de segurança, o Departamento de Polícia de Nova York (NYPD na sigla em inglês) indicou que com o actual clima nacional de tensões e violência doméstica, racial e política, os agentes devem estar alerta durante o período eleitoral.

Num boletim da NYPD, a que a CNN teve acesso, é descrito que "actores maliciosos -- extremistas violentos motivados por raça e etnia e extremistas violentos antigovernamentais e antiautoritários -- continuarão a priorizar como alvo comícios políticos, locais de votação e funcionários eleitorais", exigindo assim cautela adicional por parte das autoridades à medida que as eleições se aproximam.

Em Los Angeles, vários eventos programados para promover candidatos democratas na recta final da campanha omitem o local de encontro. No caso de um 'phone bank' direccionado para jovens, com o objectivo de telefonar a potenciais eleitores para os convencer a irem votar, o local só seria revelado após inscrição e confirmação telefónica.

O mesmo sucede com os vários eventos de "ir bater às portas" para incentivar ao voto na candidata democrata a presidente da câmara de Los Angeles, Karen Bass, durante o fim de semana, e com o "dia de acção" da congressista democrata Katie Porter na segunda-feira, que terá a participação dos apresentadores do podcast "Pod Save America" (que trabalharam na campanha e Casa Branca de Obama).

As intercalares vão determinar qual o partido que vai controlar o Congresso nos dois últimos anos do mandato de Biden, estando também em jogo 36 governos estaduais e vários referendos locais sobre questões-chave, incluindo aborto e drogas leves.

Em disputa estarão todos os 435 lugares na Câmara dos Representantes (câmara baixa do Congresso), onde os democratas detêm actualmente uma estreita maioria de cinco assentos, e ainda 35 lugares no Senado, onde os democratas têm maioria apenas graças ao voto de desempate da vice-Presidente norte-americana, Kamala Harris.

As eleições podem não apenas mudar a cara do Congresso norte-americano, mas também levar ao poder governadores e autoridades locais apoiantes de Donald Trump.

Uma derrota muito pesada nas próximas eleições pode complicar mais o cenário de um segundo mandato presidencial para Joe Biden.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,7 nov 2022 8:22

Editado porAndre Amaral  em  29 jul 2023 23:29

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