"A cada dia que passa há mais crianças subnutridas do que no dia anterior", refere o comunicado da organização não-governamental com sede em Londres, adiantando que o número de crianças com fome aumentou drasticamente desde o ano passado.
A Save the Children indica que registou mais 10 mil casos no espaço de um ano sendo que o número total de crianças em risco por causa da falta de alimentos aumentou para 16.895.
A guerra na Síria provocou graves problemas económicos no país - com 90% da população em situação de pobreza - fazendo com que 9,3 milhões de crianças sírias necessitem de ajuda humanitária de emergência, de acordo com as Nações Unidas.
Segundo várias organizações internacionais, a situação é mais precária nas zonas que não são controladas pelo regime de Damasco.
A fronteira síria de Al-Yarubiyah, junto ao território iraquiano, por onde circulava a ajuda humanitária da ONU foi fechada em 2020 por pressão de Moscovo, país aliado do regime de Damasco, afectando seriamente a população civil.
Desde essa altura, a entrega de ajuda humanitária às áreas controladas pela administração curda semiautónoma precisa da aprovação de Damasco.
"O salário médio das famílias não aumentou, os preços dos alimentos subiram 800% entre 2019 e 2021 e continuaram a aumentar em 2022", refere a organização não-governamental (ONG).
A Save the Children recolheu o testemunho de Maha, 30 anos, mãe de cinco crianças.
"Por vezes 'saltamos' as refeições para termos comida para o dia seguinte", disse.
A ONG apela aos doadores internacionais pedindo o reforço dos esforços no sentido de se fazer face à crise alimentar e, sobretudo, "atenuar os efeitos devastadores para as crianças".
O organismo pede também aos líderes de todo o mundo reunidos no Egipto na Cimeira do Clima (COP27) para reconhecerem que as alterações climáticas, "como a seca no norte da Síria", estão a afectar "crianças de todo o mundo".
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, 5,5 milhões de pessoas precisam de ajuda alimentar de emergência, sobretudo na região nordeste da Síria.
"Pelo menos 60% da população está atingida pela insegurança alimentar e a situação piora de dia para dia", disse o director interino da na Síria, Beat Rohr.