Os últimos 47 soldados franceses da missão logística (Mislog-B) partiram do aeroporto de Bangui às 13:15 locais (10:15 em Cabo Verde), a bordo de um avião cargueiro C130.
A maioria dos 130 militares que integravam o contingente havia deixado a República Centro-Africana nas últimas semanas, anunciou o exército francês.
A saída das tropas francesas deste antigo bastião da França na África Central ocorre quase quatro meses depois de os militares franceses terem saído do Mali, culminando o divórcio consumado entre Paris e a junta militar no poder em Bamako, que também optou por utilizar os serviços de instrutores russos para ajudar a proteger o país.
Segundo Paris, os instrutores também são mercenários contratados da Wagner, alegação que é negada pela junta militar maliana.
"Em 2021, quando a presença da companhia militar privada Wagner era cada vez mais intrusiva no país, a França considerou que já não estavam reunidas as condições para continuarmos a trabalhar em benefício das forças armadas centro-africanas", disse o general François-Xavier Mabin, comandante das forças francesas no Gabão, citado pela agência France-Presse.
No verão de 2021, Paris havia decidido suspender a cooperação militar com Bangui, devido ao que considerava ser a "cumplicidade" numa campanha contra a França guiada pela Rússia.
A França acusa regularmente esses paramilitares de cometerem abusos contra civis e de terem instaurado um regime de "predação" dos recursos da RCA.
Considerado um dos países mais pobres do mundo, a República Centro-Africana é palco de uma guerra civil desde 2013, quando uma coligação de grupos armados predominantemente muçulmanos, os Séléka, derrubou o Presidente François Bozizé, que organizou e armou as chamadas milícias anti-balaka, principalmente cristãs e animistas, na tentativa de recuperar o poder.
Ex-potência colonial, a França enviou mais de mil soldados para a República Centro-Africana em 2013 como parte da Operação Sangaris, sob o sinal verde da Organização das Nações Unidas (ONU), para pôr fim à violência intercomunitária na região.
A operação Sangaris, que chegou a ter 1.600 efectivos, terminou em 2016.
O conflito na RCA, extremamente mortífero para os civis, atingiu o pico em 2018 antes de diminuir de intensidade, e as milícias Séléka e anti-balaka são acusados pela ONU de terem perpetrado inúmeros crimes de guerra e crimes contra a Humanidade.