Três dirigentes da RDCongo criticam "externalização" da segurança no país

PorExpresso das Ilhas, Lusa,26 dez 2022 14:30

Três personalidades congolesas, incluindo o Prémio Nobel da Paz de 2018, Denis Mukwege, acusaram hoje o regime do Presidente Felix Tshisekedi de estar a "externalizar" a política de segurança do país, que dizem estar ameaçado de "fragmentação", numa declaração conjunta.

A República Democrática do Congo (RDCongo) está ameaçada de "fragmentação" e "balcanização" e esta situação é "o resultado de uma falta gritante de liderança e governação por parte de um regime irresponsável e repressivo", escreveram os seus líderes políticos e da sociedade civil na declaração conjunta.

Para além de Mukwege, o documento é assinado por Martin Fayulu, candidato presidencial derrotado em 2018 e que ainda reclama mais de 60% dos votos, bem como por Augustin Matata Ponyo, antigo primeiro-ministro (2012-2016), agora senador, que está a ser processado pela justiça por alegado desvio de fundos.

"Em vez de dotar o país com um exército eficaz", observaram, "o Governo tem privilegiado uma política de externalização da segurança nacional para forças estrangeiras e, pior, para Estados na raiz da desestabilização do país", citando o Ruanda e o Uganda.

A RDCongo tem vindo a enfrentar o ressurgimento do grupo armado Movimento 23 de Março (M23), que nos últimos meses conquistou grandes extensões de território no Kivu Norte, a província congolesa que faz fronteira com o Ruanda.

Sob pressão internacional, os rebeldes participaram numa cerimónia na sexta-feira para entregar a cidade estratégica de Kibumba a uma força militar regional da Comunidade da África Oriental (EAC, na sigla em inglês).

O exército congolês no sábado descreveu o "pomposamente anunciado afastamento" pelos rebeldes M23 como uma "farsa". Kinshasa tem acusado repetidamente Kigali de apoiar o grupo, alegações negadas pelo vizinho Ruanda.

Mukwege, Fayulu e Matata apelaram à "retirada imediata dos elementos M23 de todas as posições que ocupam", e exortaram o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas a expressar uma "firme condenação do Ruanda".

Em relação à situação política na RDCongo, os três homens expressaram a sua "profunda preocupação com a natureza não inclusiva do processo eleitoral", bem como "a violação da Constituição", particularmente no que diz respeito aos "procedimentos legais iniciados contra certos atores políticos" com o objetivo de "eliminá-los do processo eleitoral".

O antigo adversário, Félix Tshisekedi, foi declarado vencedor das controversas eleições presidenciais de Dezembro de 2018 e já manifestou a sua intenção de concorrer novamente nas eleições presidenciais marcadas para 20 de Dezembro de 2023, tal como Fayulu e Matata.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,26 dez 2022 14:30

Editado porSara Almeida  em  27 dez 2022 8:02

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