Os corpos de 42 pessoas - incluindo 12 mulheres e seis crianças - foram descobertos na aldeia de Nyamamba, enquanto os corpos de outros sete homens foram encontrados na vizinha Mbogi, disse o porta-voz da ONU Farhan Haq à imprensa.
A descoberta foi feita quando os 'capacetes azuis' das Nações Unidas se deslocaram àquela zona da província de Ituri para patrulhas, logo após receberem informações sobre alegados ataques perpetrados pela Codeco.
Na terça-feira, as autoridades locais confirmaram à agência Efe que os ataques provocaram pelo menos 31 mortos, 24 em Nyamamba e sete em Mbogi.
"Dos 31, vimos apenas cinco corpos que foram mortos a tiro, enquanto os outros foram degolados. Os atacantes usaram catanas. Foi horrível", disse Freddy Mbindjo Panda, chefe administrativo das duas cidades atacadas pelos rebeldes.
Segundo disse Jean Jacques Openji, coordenador da organização "Allez-y les FARDC" ("Vamos, FARDC"), que apoia as acções das Forças Armadas governamentais, no passado sábado, ao confirmar o sucedido, os ataques serão aparentemente uma represália contra a milícia da Frente de Autodefesa Popular de Ituri (FPAC-Zaire).
A FPAC-Zaire apresenta-se como um grupo de autodefesa cuja missão é proteger a comunidade Hema contra os ataques da Codeco, que representa a comunidade rival Lendu e foi formada como um grupo armado em 2018 para combater os abusos do Exército da RDCongo, embora seja também acusada de numerosos assassínios de civis.
As comunidades Lendu (agricultores) e Hema (pastores) travaram uma longa disputa que causou milhares de mortes entre 1999 e 2003, antes da intervenção de uma força de paz da União Europeia.
Enquanto a Codeco participou no início de Dezembro passado nas conversações de paz que o governo de Kinshasa e cerca de 60 grupos armados mantiveram em Nairobi, a milícia FPAC-Zaire esteve ausente do diálogo, patrocinado pela Comunidade da África Oriental (EAC, na sigla em inglês).
Segundo a ONU, desde Dezembro pelo menos 195 civis foram mortos em vários incidentes atribuídos aos dois grupos armados.
A organização internacional disse hoje que a sua missão no país (Monusco) está a auxiliar as autoridades na investigação dos ataques.
Desde 1998, o leste da RDCongo está atolado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo Exército, apesar da presença da missão das Nações Unidas no país, com mais de 16.000 militares uniformizados no terreno.