A UE enfrenta um desafio essencial de “garantir que a Europa se torne ainda mais soberana e tenha capacidades geopolíticas para moldar a ordem internacional”, referiram os dois governantes no diário Frankfurter Allgemeine Zeitung, antes do 60.º aniversário do Tratado do Eliseu, que será celebrado no domingo com um programa que inclui um conselho de ministros conjunto.
Para Macron e Scholz, a Europa deve investir mais nas suas Forças Armadas e na sua indústria de armamento.
“As melhores capacidades europeias e um pilar europeu mais forte dentro da NATO também nos tornam um parceiro mais forte no Atlântico e nos Estados Unidos – mais bem equipados, mais eficientes e mais poderosos”, apontaram.
O tratado com o nome do palácio presidencial francês foi assinado em 22 de Janeiro de 1963, em Paris, pelo então chefe de Estado da França, Charles de Gaulle (1890-1970), e de Governo da Alemanha Ocidental, o chanceler Konrad Adenauer (1876-1967).
O acordo, considerado como um exemplo de reconciliação entre antigos inimigos, estabeleceu mecanismos de consulta e cooperação em política externa, integração económica e militar, e intercâmbio de formação de estudantes.
O entendimento entre os dois países viria a influenciar a integração europeia nas décadas seguintes, no que ficou conhecido como o “eixo franco-alemão”, descrito como o motor político do processo que originou a actual União Europeia (UE).
O Tratado do Eliseu permitiu “superar décadas, até séculos, de amargas rivalidades e guerras sangrentas entre os dois países no coração da Europa”, defenderam os dois políticos.
A soberania europeia não deve ser medida apenas em termos militares, mas também nas capacidades de “resiliência e de actuação em áreas estratégicas”.
Isso implica uma diversificação de “bens de oferta estratégica”, acrescentam.
A Europa também deve fazer de tudo para “se tornar o primeiro continente do mundo com impacto neutro no clima”.
Macron e Scholz citaram ainda, como outros objectivos, que a Europa se torne “líder mundial em produção e inovação” e que “o progresso económico e social ande de mãos dadas com uma transição ecológica”.
A efeméride terá festividades que prometem ser bastante formais no domingo, com uma cerimónia na Sorbonne pela manhã, seguida de um Conselho de Ministros franco-alemão no Eliseu, o mesmo que tinha sido adiado no final de Outubro devido às discordâncias bilaterais, noticiou a agência France-Presse (AFP).