Apontando vários exemplos, desde "a seca na região do Sahel" às "inundações em Luanda" ou os efeitos do ciclone Freddy "em Madagáscar e em Moçambique", que causam "morte, destruição e milhares de deslocados", Adesina afirmou que "eles não precisam palavras, precisam de acção" e essencialmente "de três coisas: financiamento, financiamento e financiamento".
O presidente da instituição, que falava num encontro com a imprensa, sublinhou que conseguir captar esses financiamentos, sobretudo de privados, e alavancá-los através de instituições, programas ou produtos financeiros do Grupo BAD - que integra o Banco e o Fundo África de Desenvolvimento -, é uma das questões centrais das reuniões anuais que começaram já hoje em Sharm el Sheikh, no Egipto, mas com cerimónia oficial de abertura apenas na terça-feira.
"Temos estado a discutir esse tema com o nosso Conselho de Governadores, mesmo antes do início destas reuniões", declarou, mostrando-se optimista de que haverá a aprovação de instrumentos que permitam "depois ser capaz de alavancar mais recursos para esses países".
Questionado sobre a continuação da exploração de gás natural em vários países de África, o presidente do BAD reafirmou a sua visão de que o continente precisa de uma "combinação" de diferentes fontes de energia.
E "sim, precisa do gás natural", sublinhou, lembrando que há mais de 600 milhões de pessoas ainda sem electricidade e milhões de mulheres africanas que continuam a "carregar lenha e soprar brasas" para poderem cozinhar, como descreveu que ele próprio fazia em criança.
"Cabe aos países desenvolvidos deixar as palavras e moverem-se mais rápido", disse Adesina em tom peremptório, porque "os países que não têm recursos vão levar mais tempo" a fazer a transição para a economia verde, recordando que a grande maioria dos países mais afectados pelas alterações climáticas "são em África, e são países pobres, em desenvolvimento".
"Vai levar tempo, requer infraestruturas, tecnologia, etc., mas não devem empurrar os países africanos para algo não fazível. Tem de ser possível e tem de haver financiamento", insistiu, prometendo trabalho do BAD para "garantir que os financiamentos podem 'aterrar' em África como um avião", atendendo as exigências de transparência e fiabilidade que os investidores demandam.
Além dos dirigentes das instituições do Grupo BAD, governadores de bancos centrais e representantes governamentais de governos, os encontros desta semana no Egipto reúnem empresários, gestores de fundos de pensões e de capitais de investimento para debater os diferentes instrumentos e a possibilidade de os utilizar em larga escala no continente.
Os participantes discutirão também formas, a nível nacional e internacional, de superar barreiras à implementação dos instrumentos financeiros a examinar, que incluem obrigações e empréstimos verdes, obrigações sustentáveis, empréstimos relacionados com a sustentabilidade e 'swaps' de dívida.