Dada a urgência do problema da poluição dos oceanos, a Assembleia das Nações Unidas (ONU) adoptou, no ano passado, um plano de luta contra este flagelo, integrando-o nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Um estudo feito pelo IIASA, com sede em Viena, foi publicado na revista Sustainability Science e apresenta a abordagem "inovadora" do Gana de utilizar a "ciência cidadã" (envolvimento dos cidadãos em actividades de investigação científica), para compensar a falta de dados nacionais sobre o lixo marinho.
Trata-se de um método de recolha e classificação de dados sobre a poluição por plásticos e o lixo marinho durante as campanhas de limpeza realizadas por grupos comunitários e organizações locais.
"A ciência cidadã é mais do que preencher lacunas de dados, é uma ponte poderosa entre o público, o mundo da ciência e a política", afirmou o autor principal do estudo e investigador do IIASA, Dilek Fraisl.
"[Esta iniciativa] não só aumenta a consciencialização e inspira ações para enfrentar os desafios, como também encoraja a voz do povo a tornar-se parte integrante do nosso futuro coletivo", acrescentou o investigador.
O Gana lida com cerca de 1,1 milhões de toneladas de resíduos plásticos por ano, dos quais apenas cinco por cento são recolhidos e reciclados, segundo o instituto.
Para reduzir a poluição e aumentar a reciclagem, o Governo empenhou-se na gestão sustentável dos resíduos de plástico através de uma iniciativa denominada Limpeza Costeira Internacional, em parceria com a Ocean Conservancy, sediada em Washington.
Como resultado, o Gana tornou-se o primeiro país a comunicar oficialmente a densidade de resíduos de plástico no âmbito dos ODS da ONU, utilizando dados da ciência cidadã.
"A experiência de ciência cidadã do Gana forneceu informações valiosas que contribuem para o progresso global dos ODS e oferecem um caminho replicável para outros países", afirmou a coautora do estudo, Linda See.
O plástico está presente nos lugares mais remotos do planeta, segundo a National Geographic, e no caso do Mar Mediterrâneo, representa 95% dos seus resíduos.
Muitos destes poluentes são ingeridos por organismos marinhos e entram na cadeia alimentar global, incluindo o ser humano.