RDCongo. Violência deslocou 450.000 pessoas à força nas últimas 6 semanas

PorExpresso das Ilhas, Lusa,24 nov 2023 14:36

Confrontos violentos entre grupos armados não estatais e forças governamentais deslocaram à força mais de 450.000 pessoas nas últimas seis semanas em Kivu do Norte, na República Democrática do Congo, anunciaram hoje órgãos das Nações Unidas.

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) estão "muito alarmados com a escalada da crise que se está a desenrolar mais uma vez no leste da República Democrática do Congo (RDCongo)", segundo um comunicado do ACNUR hoje divulgado.

A crise é ainda agravada pelo acesso limitado da ajuda humanitária às pessoas mais necessitadas, principalmente devido à obstrução das principais vias de comunicação, de acordo com o ACNUR.

Segundo o relatório, cerca de 200.000 pessoas deslocadas internamente estão atualmente retidas e prevê-se que mais 100.000 sejam confrontadas com restrições de acesso nos próximos dias, se as atuais tendências do conflito persistirem.

"A interrupção das estradas não só impede a entrega de ajuda humanitária essencial, como também aumenta a vulnerabilidade das populações deslocadas, deixando-as sem recursos essenciais e sem proteção", frisou a agência da Organização das Nações Unidas (ONU).

Embora o ACNUR tenha construído, nos últimos meses, abrigos para mais de 40.000 pessoas perto da capital da província de Goma e distribuído mais de 30.000 kits com lonas, panelas e cobertores, "a comunidade internacional tem de resolver urgentemente a questão da obstrução do acesso à ajuda humanitária para garantir que as cerca de sete milhões de pessoas afetadas pelo conflito no leste da RDCongo recebam ajuda urgente", referiu.

Os relatórios de monitorização da proteção recolhidos pelo ACNUR e pelos seus parceiros em outubro revelaram mais de 3.000 violações dos direitos humanos comunicadas durante esse mês, quase o dobro do número do mês anterior.

"As violações e os assassinatos arbitrários aparecem de forma notável nestes resultados, juntamente com os raptos, a extorsão e a destruição de bens, ilustrando um padrão profundamente preocupante de abusos infligidos às populações civis", afirmou a agência no seu relatório.

Outra questão alarmante citada no documento é como a intensificação da violência está a ter um impacto devastador na vida das crianças, "que enfrentam um número alarmante de violações graves dos seus direitos".

As crianças estão cada vez mais vulneráveis ao recrutamento e à utilização por grupos armados, com mais de 450 casos verificados de julho a setembro, um aumento de 50% em relação ao primeiro semestre do ano.

Desde Junho de 2023, a UNICEF já ajudou quase 700.000 pessoas deste país, que faz fronteira com Angola, através da doação de água potável e saneamento, proteção infantil, artigos não alimentares, saúde, nutrição e educação.

"A resposta humanitária na RDCongo está significativamente subfinanciada, pois, para 2023, o Plano de Resposta Humanitária coordenado, que inclui as necessidades financeiras do ACNUR e da UNICEF, foi fixado em 2,3 mil milhões de dólares (cerca de 2,1 mil milhões de euros), mas, até à data, só está financiado a 37%", concluiu o relatório.

O ACNUR e a UNICEF apelam urgentemente a todos os intervenientes no leste da RDCongo para que ponham termo à violência que está a ter um enorme impacto na população civil.

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Autoria:Expresso das Ilhas, Lusa,24 nov 2023 14:36

Editado porAndre Amaral  em  25 nov 2023 8:01

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