Os chefes de Estado e de Governo dos Estados-membros vão ter que fazer prova de fé na coerência dos princípios constitutivos da UA, que nestes últimos 12 meses foi posta à prova pela turbulência provocada por golpes militares no Sahel, que levou três países – Burkina Faso, Mali e Níger -, a anunciarem a saída da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
A agitação no Senegal, apresentado como baluarte da democracia e alternância de poder, fez levantar acusações ao Presidente, Macky Sall, de ter perpetrado um “golpe constitucional” para se manter no poder, e os conflitos no Sudão, Líbia e a quase confrontação directa entre a República Democrática do Congo e o Ruanda são outros desafios na agenda de trabalhos de dois dias.
Nesta cimeira deverá ser escolhida a Mauritânia como solução de recurso para suceder às Comores na presidência da UA em 2024.
A solução é considerada de recurso porque, sabendo-se de antemão que, pela rotação geográfica, a presidência seria entregue a um país do norte de África, também era sabido que a histórica animosidade entre Argélia e Marrocos ameaçava deslocar de novo para a África Austral a direcção política da UA em 2024.
Assim, salvo uma reviravolta de última hora, o Presidente da Mauritânia, Ould Cheikh El Ghazouani, sucederá ao homólogo comoriano, Azali Assoumani.
A solução encontrada levanta, todavia, outra questão. Com a entrada da UA para o G20, em Setembro de 2023, questiona-se qual o peso político que o continente terá nesse grupo selecto de economias mundiais.