"A menos que o povo do Sudão receba um fornecimento estável de ajuda através de todos os corredores humanitários possíveis - dos países vizinhos e através da linha da frente - esta catástrofe só vai acabar por piorar", alerta a agência da ONU.
A ajuda diz respeito a dois comboios que atravessaram a fronteira do Chade para o Darfur no final do mês passado, para ajuda a cerca de 250.000 habitantes das regiões central, norte e oeste do Darfur, Estados devastados pelos combates entre o exército e as forças paramilitares de apoio rápido (RSF) e históricos conflitos intercomunitários alimentados agora pela guerra que eclodiu a 15 de Abril do ano passado entre as duas partes.
O PAM lamenta o tempo perdido em negociações prolongadas após as autoridades sudanesas de Port Sudan City terem revogado, em fevereiro, as autorizações para estabelecer corredores humanitários a partir do Chade.
"Os impedimentos burocráticos e as ameaças à segurança tornaram impossível aos humanitários operarem à escala necessária para responder às necessidades" da população sudanesa, acrescenta o comunicado divulgado hoje pelo PAM.
O representante da agência no país, Eddie Rowe, alerta para o facto de a época de escassez começar "dentro de algumas semanas" e poder conduzir a "níveis sem precedentes de fome e subnutrição em todo o país".
Apesar da entrada destes 37 camiões de ajuda - que transportam 1.300 toneladas de mantimentos após percorrerem a rota Adre (no Chade) - Darfur Ocidental - "o PAM não tem ideia de quando poderá entrar o próximo comboio ao longo desta rota, que ajudou um milhão de habitantes da região no ano passado".
Em 23 de Março, entraram no Darfur Norte, através da cidade fronteiriça chadiana de Tina, mais 16 camiões com 580 toneladas de produtos alimentares e, alguns dias mais tarde, outros seis camiões com 260 toneladas de produtos alimentares passaram por Porto Sudão, sendo este último o primeiro comboio de ajuda a atravessar a frente de guerra.
O PAM recorda que a guerra no Sudão está a degenerar em níveis recorde de fome: 18 milhões de pessoas sofrem de fome aguda. No Darfur, 1,7 milhões de pessoas encontram-se em situação de emergência de fome.