A iniciativa resulta de um protocolo de colaboração estabelecido entre a Associação dos Jovens Agricultores de Portugal (AJAP), o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural de São Tomé e Príncipe e a Fundação Vale da Rosa.
“Esta cooperação vai trazer-nos muitos benefícios ao nível do conhecimento e da tecnologia, porque desenvolvemos agricultura, mas precisamos inová-la”, afirmou o ministro são-tomense da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Abel Bom Jesus.
O governante, que falava à agência Lusa após a cerimónia de assinatura do protocolo, na Herdade Vale da Rosa, em Ferreira do Alentejo (Beja), assinalou que os jovens são-tomenses vão ganhar conhecimento e também conhecer novas tecnologias do sector, para “que tenham a certeza de que aquilo que estão a fazer em São Tomé e Príncipe é algo que já faz parte de uma agricultura para o futuro”.
Apontando a necessidade de desenvolver o sector no seu país, o ministro revelou que, além de governante, é também produtor de frutas e legumes e que faz “uma agricultura totalmente diferente” da que se faz em Portugal, ainda que já tenha “alguma tecnologia”.
“Fui o primeiro agricultor a introduzir tecnologia no país e quero aproveitar o privilégio que tenho agora como ministro para poder multiplicar por mais agricultores”, sublinhou.
Também em declarações à Lusa, o presidente da AJAP, Henrique Silvestre Ferreira, indicou que um primeiro grupo de seis jovens são-tomenses vai estagiar, durante um mês, com início em Setembro, na Herdade Vale da Rosa, que produz uvas de mesa.
“É quase um Erasmus para os jovens agricultores de São Tomé e Príncipe poderem 'beber' o ‘know-how’, ver o que os agricultores portugueses andam a fazer e aprender as nossas técnicas de cultivo, embalamento, vendas e recursos humanos”, adiantou.
Neste primeiro estágio, segundo o dirigente associativo, a Fundação Vale da Rosa vai assegurar o alojamento e atribuir um subsídio de alimentação aos jovens são-tomenses.
“É um primeiro estágio, mas não queremos ficar por aqui. Já estamos em contacto com várias empresas em Portugal para que façam o mesmo”, ou seja, que também recebam estágios de jovens agricultores de São Tomé e Príncipe, salientou.
Henrique Silvestre Ferreira assinalou que a AJAP pretende replicar este protocolo por outros Estados dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), tendo já iniciado contactos com os ministérios de alguns desses países.
Quanto aos critérios de selecção para estágio em Portugal, acrescentou, os jovens têm que trabalhar na agricultura ou ter terrenos agrícolas e vão ser escolhidos pela Associação de Jovens Agricultores de São Tomé e Príncipe.
O programa dos estágios em Portugal pode incluir ‘workshops’, demonstrações práticas e sessões interactivas, assegurando aos jovens materiais de formação, ferramentas e recursos necessários para a aprendizagem.
A AJAP, com 41 anos de existência, tem 13 mil associados e presta serviços a 22 mil agricultores em todo o país.