"Ainda não começámos a vacinar, fá-lo-emos dentro de alguns dias", disse hoje o diretor-geral dos Centros Africanos de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC África), Jean Kaseya, na conferência de imprensa semanal para avaliar o impacto do novo surto de varíola na RDCongo.
A agência de saúde pública da União Africana está "a trabalhar com todos os países e a finalizar os planos continentais com o Unicef [Fundo das Nações Unidas para a Infância] e a Organização Mundial de Saúde [OMS]" para garantir que "nem uma única dose desta vacina muito cara seja esquecida", disse Kaseya.
O diretor do CDC África afirmou que a agência tem um "plano claro" para adquirir e disponibilizar dez milhões de doses de vacina contra a varíola aos africanos até ao final de 2025.
Numa conferência de imprensa realizada na segunda-feira em Kinshasa, o ministro da Saúde Pública, Higiene e Bem-Estar Social democrático-congolês, Roger Kamba, anunciou que o seu país espera receber um primeiro lote dos mais de três milhões de vacinas a serem doadas pelo Japão, Bélgica e Estados Unidos até ao final desta semana.
Os medicamentos vão juntar-se ao plano de resposta anunciado por Kamba, que prevê gastar 49 milhões de dólares (cerca de 44 milhões de euros) para sensibilizar a população, enviar equipas e tratar os doentes.
Só na República Democrática do Congo, foco do atual surto e onde a doença é endémica, registaram-se 17.794 casos e 535 mortes desde o início do ano, detalhou Kaseya.
Este número representa um aumento de 1.030 infeções e 24 mortes desde que o surto foi declarado Emergência de Saúde Pública de Importância Continental pelo CDC África, na passada terça-feira.
No total, o continente africano já registou cerca de 19 mil casos e 540 mortes.
Embora a grande maioria das infeções se registe na RDCongo, um total de 12 Estados membros da UA notificaram até agora 18.910 casos de Mpox e 541 mortes em 2024.
Na última semana, a agência registou 1.405 casos adicionais e 24 novas mortes - todos na RDCongo - por Mpox nos Estados membros da UA.
Os outros países afetados são, por ordem de incidência, o Burundi (com 572 casos, sem mortes), República Centro-Africana (263 casos, sem mortes), República do Congo (169 casos, uma morte), Nigéria (39 casos, sem mortes), Camarões (35 casos, duas mortes), África do Sul (24 casos, três mortes), Libéria (cinco casos, sem mortes), Ruanda (quatro casos, sem mortes), Uganda (dois casos, sem mortes), Costa do Marfim (dois casos, sem mortes) e Quénia (um caso, sem mortes).
Dos 18.910 casos notificados até à data no continente, segundo o CDC África, 3.154 foram confirmados por testes clínicos e 15.756 são casos suspeitos.
Em comparação com o mesmo período em 2023, as infeções aumentaram 104%, enquanto as mortes são 11% mais elevadas, sublinhou Kaseya.
O Mpox é uma doença viral que se propaga dos animais para os seres humanos, mas também é transmitida através de contacto físico próximo. A doença provoca febre, dores musculares e lesões cutâneas.