Segundo uma sondagem recente realizada pela Afrobarometer em 27 países do continente africano em 2024 e divulgada pela revista The Continent, em média, mais pessoas consideram a influência política e económica das antigas potências coloniais como positiva (40%) do que negativa (32%). No entanto, esta média continental esconde grandes variações entre os países.
Nos países colonizados pela França, o ressentimento é mais evidente. Em seis deles, a maioria dos inquiridos acredita que Paris continua a exercer uma influência prejudicial. Este dado reforça a crescente contestação em várias nações francófonas, onde manifestações contra a presença militar e diplomática francesa têm sido frequentes nos últimos anos.
Em contrapartida, os países lusófonos apresentam uma percepção bastante mais favorável em relação a Portugal. Cabo Verde (84%) e São Tomé e Príncipe (79%) destacam-se com índices esmagadores de aprovação à influência actual de Lisboa. Angola, embora com números mais equilibrados, tende igualmente para o lado positivo: 45% consideram a influência portuguesa benéfica, contra apenas 19% que a vêem como negativa.
Já nos países anglófonos, a opinião pública mostra-se mais dividida. Em Botswana, Zâmbia e Lesoto, mais de 60% da população declara não ter uma opinião formada sobre o impacto actual do Reino Unido. No Malawi, metade dos inquiridos também optou pela neutralidade.
A sondagem revela que, apesar do passado colonial comum, os laços históricos são hoje interpretados de forma distinta entre as várias regiões do continente. Em alguns casos, especialmente entre os países de colonização portuguesa, parece ter-se construído uma relação de cooperação e respeito mútuo mais consolidada.
Fonte: O Afrobarometer é uma rede africana de pesquisa apartidária que realiza inquéritos nacionais representativos sobre democracia, governança e qualidade de vida. As entrevistas presenciais, realizadas com entre 1.200 e 2.400 pessoas em cada país, produzem resultados com uma margem de erro de +/- dois a três pontos percentuais