A USAID estava em processo de desmantelamento desde fevereiro, quando começaram os cortes nas despesas públicas promovidos pelo magnata Elon Musk, mas, a partir de hoje, o Departamento de Estado assume a gestão total de toda a assistência internacional dos EUA.
O secretário de Estado, Marco Rubio, frisou em comunicado que a USAID não cumpriu os seus objetivos desde o fim da Guerra Fria, além de ter criado uma rede de organizações não-governamentais (ONG) que viveram "à custa dos contribuintes americanos".
"Esta era de ineficiência chegou oficialmente ao fim. Sob a administração Trump, finalmente teremos uma ajuda externa que prioriza os nossos interesses nacionais", vincou.
Para Rubio, os cidadãos norte-americanos "não devem pagar impostos para financiar governos falidos em países distantes" e prometeu que, a partir de agora, "a ajuda será direcionada e limitada no tempo".
Durante o processo de encerramento, foi anunciado que, dos cerca de 10.000 funcionários e contratados da agência em Washington e dos seus escritórios em todo o mundo, apenas 294 permaneceriam para manter as operações mínimas.
O fim da USAID foi muito criticado por especialistas em ajuda humanitária e organizações internacionais, que alertam que o seu desaparecimento deixa uma enorme lacuna nos programas de saúde, educação e resposta a crises humanitárias.
Os ex-presidentes norte-americanos Barack Obama e George W. Bush endereçaram na segunda-feira raras críticas ao Governo Trump, enquanto o cantor Bono emocionou-se ao recitar um poema, num evento de despedida da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID).
Um estudo coordenado pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal) e publicado na revista The Lancet alertou que os cortes na ajuda norte-americana podem levar a mais de 14 milhões de mortes 'evitáveis' até 2030.
De acordo com o estudo, a USAID teve um impacto fundamental na redução da mortalidade por VIH/SIDA, malária e doenças tropicais negligenciadas em todo o mundo.
A USAID foi criada em 1961 pelo presidente John F. Kennedy para canalizar a ajuda externa americana para fins de desenvolvimento e assistência humanitária.
No entanto, a agência tem também sido criticada ao longo da sua história por utilizar a ajuda como ferramenta de influência política e favorecer os interesses estratégicos de Washington em detrimento das necessidades locais.