"Alcatraz dos Jacarés vai fazer 'check-in' de centenas de imigrantes ilegais criminosos esta noite", disse o procurador-geral republicano da Florida, James Uthmeier, na rede social X.
"Próxima paragem: de volta para onde vieram", adiantou, aludindo à sua deportação dos Estados Unidos.
O centro foi instalado em apenas oito dias, numa pista de aterragem na região pantanosa dos Everglades.
Conta com mais de 200 câmaras de segurança, mais de 8.500 metros de arame farpado e 400 agentes de segurança.
O Presidente norte-americano, Donald Trump, participou terça-feira na inauguração do centro de detenção, ironizando que os imigrantes que tentem fugir do local correm o risco de serem atacados por animais selvagens.
Quando questionado pelos jornalistas sobre se o objetivo do centro de detenção de imigrantes era, em caso de fuga, serem atacados pelos répteis, Donald Trump respondeu: "É esse o conceito".
"As cobras são rápidas, mas os jacarés (...). Vamos ensiná-los a fugir de um jacaré, ok?", afirmou Trump, num tom jocoso.
As autoridades estaduais afirmaram que a "Alcatraz dos Jacarés", centro que descreveram como temporário, contará com tendas e roulottes, permitindo ao estado adicionar 5.000 camas de detenção de imigrantes até ao início de julho e libertar espaço nas prisões locais.
Tal como noutros centros semelhantes no país, as autoridades pretendem deter temporariamente os imigrantes ilegais enquanto aguardam deportação do país.
O nome Alcatraz remete para a histórica prisão ao largo da cidade californiana de São Francisco, num rochedo no mar para onde foram durante décadas enviados alguns dos maiores criminosos do país.
Para o governador da Florida, Ron DeSantis, e outras autoridades estaduais, o isolamento do aeródromo nos Everglades, rodeado de zonas húmidas repletas de mosquitos, cobras venenosas e jacarés, consideradas sagradas para as tribos nativas americanas, torna-o um local ideal para deter imigrantes ilegais.
"Claramente, do ponto de vista da segurança, se alguém escapar, sabem, há muitos jacarés", disse DeSantis, que foi um dos principais rivais de Donald Trump na nomeação presidencial pelo Partido Republicano em 2024.
Ron DeSantis indicou também que está a avaliar a construção do segundo centro num campo de treino da Guarda Nacional da Flórida, conhecido como Camp Blanding, cerca de 48 quilómetros a sudoeste de Jacksonville, no nordeste do estado.
O governador republicano sublinhou a sua disponibilidade para ajudar o executivo do Presidente Donald Trump a atingir o seu objetivo de mais do que duplicar a capacidade de detenção de imigrantes das atuais 41.000 camas para pelo menos 100.000 camas em todo o país.
O Presidente norte-americano fez do combate à imigração ilegal uma prioridade máxima, referindo-se a uma "invasão" dos Estados Unidos por "criminosos do estrangeiro" e falando extensivamente sobre as deportações de imigrantes.
Democratas e ativistas condenaram o plano como um espetáculo insensível e politicamente motivado.
Grupos ambientalistas da Florida apresentaram na semana passada uma ação judicial federal para bloquear a construção do centro de detenção de imigrantes até que seja sujeito a uma rigorosa revisão ambiental, conforme exigido pelas leis federais e estaduais.
O recurso à Justiça junta o Centro para a Diversidade Biológica e os Amigos dos Everglades.
O projeto motivou também protestos de povos indígenas que consideram a terra sagrada, incluindo 15 aldeias tribais tradicionais Miccosukee e Seminole remanescentes, para além de locais cerimoniais e de enterro e outros locais de reunião.