"Enquanto uma unidade do Exército procurava e desmantelava um depósito de armas em Wadi Zebqin, em Tiro, ocorreu uma explosão no seu interior, matando seis soldados e ferindo vários outros", relatou o Exército num balanço provisório, acrescentando que foi aberta uma investigação.
Uma fonte militar, que pediu o anonimato, disse à agência France-Presse (AFP) que a explosão ocorreu "dentro de uma instalação militar do Hezbollah", enquanto os soldados "removiam munições e engenhos explosivos não detonados", que terão sido deixados para trás durante a ofensiva israelita no Outono passado contra o grupo armado libanês apoiado pelo Irão.
O Presidente libanês, Joseph Aoun, de acordo com um comunicado, já contactou com o Exército, no seguimento das circunstâncias do "trágico incidente".
O primeiro-ministro, Nawaf Salam, disse pelo seu lado na rede X que "é com profundo pesar que o Líbano saúda os filhos do valente Exército que caíram como mártires no sul, enquanto cumpriam o seu dever nacional".
As mortes dos soldados ocorrem poucos dias depois de o Governo ter incumbido o Exército de desenvolver um plano de acção para desarmar o Hezbollah até ao final do ano.
A par do Hamas na Palestina e dos Huthis do Iémen, o Hezbollah constitui o chamado eixo da resistência apoiado por Teerão, e que se envolveu em hostilidades militares com Israel, logo após o início da guerra na Faixa de Gaza, em Outubro de 2023.
Após quase um ano de troca de tiros ao longo da fronteira israelo-libanesa, Israel lançou uma forte campanha aérea no verão do ano passado, que decapitou a liderança do movimento xiita, incluindo a morte do seu líder histórico, Hassan Nasrallah, nos arredores de Beirute, e de vários outros altos membros da sua hierarquia política e militar.
No seguimento do cessar-fogo alcançado em Novembro, o Governo libanês tem procurado concentrar todo o armamento do país nas forças de segurança oficiais, mas até agora estava a favorecer entregas voluntárias de armas por receio de uma escalada de violência interna.
O Hezbollah, que saiu militar e politicamente bastante enfraquecido dos intensos ataques israelitas, acusou o Governo de cometer um "pecado grave" com a medida do seu desarmamento e ameaçou continuar a agir como se a decisão "não existisse".
O Hezbollah considera também que o seu desarmamento "atinge a soberania do Líbano" e "dá carta-branca a Israel para minar a sua segurança, geografia, política e existência futura".
Um conselheiro do líder supremo iraniano, ayatollah Ali Khamenei, reiterou hoje a posição do seu país contra o desarmamento do seu aliado.
Apesar do cessar-fogo em vigor desde Novembro, Israel continua a visar posições e alvos alegadamente do Hezbollah, além de manter posições militares no sul do Líbano, e ameaça voltar a intensificar as suas operações caso o movimento não se desarme.
Na quinta-feira, o porta-voz das forças de manutenção da paz da ONU no Líbano, Andrea Tenenti, revelou que os soldados internacionais "descobriram uma vasta rede de túneis fortificados" na mesma área.
O porta-voz adjunto do secretário-geral da ONU, Farhan Haq, disse aos jornalistas que as forças de manutenção da paz e o Exército libanês encontraram "três 'bunkers', artilharia, lança-mísseis, centenas de projécteis e 'rockets' explosivos, minas antitanque e cerca de 250 engenhos explosivos improvisados prontos a usar".