"Algumas pessoas disseram ter iniciado negociações com o Afeganistão para recuperar a base aérea de Bagram. Um acordo sobre sequer um centímetro quadrado do solo afegão é impossível", declarou o chefe de gabinete do Ministério da Defesa, Fasihuddin Fitrat.
Trump disse na quinta-feira que queria que os Estados Unidos recuperassem o controlo da base aérea de Bagram, que os talibãs controlam desde que regressaram ao poder em 2021, quando as tropas norte-americanas abandonaram o país.
O Presidente norte-americano justificou a pretensão com a proximidade da infraestrutura à China, alegando que Bagram está a apenas uma hora da zona onde Pequim fabrica armas nucleares.
Face à pronta recusa do Governo dos talibãs, ameaçou que "coisas muito más iriam acontecer" se não fosse devolvida ao controlo norte-americano.
Trump afirmou mesmo que a base foi construída pelos Estados Unidos, embora quisesse referir a recuperação e ampliação, já que a construção foi da responsabilidade da União Soviética na década de 1950.
Mais tarde, questionado por jornalistas na Casa Branca (presidência) sobre o eventual envio de tropas para retomar Bagram, o Presidente norte-americano disse que estavam a decorrer negociações.
"Não vamos falar disso, mas estamos em negociações com o Afeganistão. Queremos essa base, e queremos depressa. Se não a devolverem, verão o que pretendo fazer", respondeu, então.
A base, situada a cerca de 60 quilómetros a norte de Cabul, foi utilizada por forças da União Soviética durante a ocupação do Afeganistão, entre 1979 e 1989.
Após os atentados de 11 de setembro de 2001, tornou-se o centro nevrálgico da presença militar dos Estados Unidos e da NATO no país.
Acolheu centenas de milhares de soldados e contratados, além de instalações civis como supermercados e restaurantes.
As tropas norte-americanas e da Aliança Atlântica abandonaram a base em julho de 2021, semanas antes de os talibãs regressarem ao poder e conquistarem Cabul, provocando a retirada caótica dos ocidentais.
Trump, que regressou à presidência em janeiro, tem criticado a gestão do antecessor Joe Biden na saída do Afeganistão.
No entanto, foi a sua anterior administração a assinar, em 2020, o acordo de Doha, que abriu caminho ao fim da presença militar dos Estados Unidos no Afeganistão.
Caso voltassem a controlar Bagram, os Estados Unidos teriam capacidade para monitorizar o oeste da China, o programa nuclear do Irão, a instabilidade no Paquistão e os movimentos de potências como a Rússia nas repúblicas da Ásia Central.
Trump tem denunciado a crescente influência da China no Afeganistão, onde Pequim intensificou laços políticos e comerciais com os talibãs, ainda que sem reconhecer formalmente o Governo do grupo islâmico fundamentalista.
Já a Rússia reconheceu oficialmente o Governo dos talibãs em julho deste ano, tornando-se o primeiro país a dar esse passo.