A jornalista Sara Almeida, do Expresso das Ilhas, venceu na categoria Imprensa, com a reportagem “União de facto na adolescência: meninas-mulheres” ou “a vida antes do tempo”.
Na categoria Rádio, o prémio coube à jornalista Ângela Monteiro, da RCV, com a reportagem “Situação do Celeiro Agrícola Justino Lopes”, enquanto na categoria de televisão a vencedora foi a jornalista Maria da Luz Neves, da TCV, com a reportagem “Depois da Dor”.
Segundo o presidente da Associação dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC), Carlos Santos, a reportagem de Sara Almeida para além do texto equilibrar os pilares do jornalismo – a ética, a estética e a técnica, discute questões legais de união de facto entre menores, chama à responsabilidade instituições que deveriam agir contra esse atentado à infância e adolescência, além de se abrir a questões do género e do empoderamento da mulher.
“Não merece o prémio apenas por isso, mas também porque pode e deve promover debates e acções contra casamentos forçados de meninas-adolescentes com adultos, por motivos religiosos, fenómeno a que se assiste, de forma impávida, em vários cantos deste país”, justificou Carlos Santos, em conferência de imprensa, na sede da AJOC, na Cidade da Praia.
Já na reportagem radiofónica, a mesma fonte disse que o tema apresentado por Ângela Monteiro é “muito interessante e há um levantamento muito importante, quase exaustivo, de informações”.
A reportagem sobre “Justino Lopes”, prosseguiu, traz dados novos da “maior empresa agropecuária que o país já teve”, como o da produção do biogás e o investimento da empresa na educação, mostrando, igualmente, as causas, com destaque para os jogos políticos, que estiveram na origem do seu encerramento.
Na categoria Televisão, o júri considerou que com o trabalho intitulado “Depois da Dor” a jornalista Maria da Luz Neves entrou no mundo da deficiência (Microcefalia, Síndrome de Down e Autismo) para revelar à sociedade que o que mais mal faz às famílias e crianças com problemas sérios de saúde, não é a doença em si ou os sintomas, mas o abandono, o desamparo, a ausência de políticas públicas que acabam por produzir um efeito contrário.
O júri do PNJ, 2019, decidiu ainda atribuir menções honrosas na categoria de imprensa ao jornalista da Inforpress Luís Carvalho, com a reportagem “Os dois Irmãos: A realidade que antecede ficção”, e ao jornalista do Expresso das Ilhas, Jorge Montezinho com a reportagem “O chão dos Esquecidos”.
Na categoria de rádio foi distinguido o programa: “Origens – Antoni Dente D’Oru e Visita da ONU ao PAIGC”, da autoria da jornalista Ariana (Nany) Vaz, da Rádio de Cabo Verde.
Na categoria Televisão, a reportagem “Misteriosos desaparecimentos na capital”, da autoria da jornalista Keita Violante, da Record CV, também recebeu menção honrosa.
Para a escolha destes vencedores, o júri, constituído por Carlos Santos, Marilene Pereira, Silvino Évora, Nardi Sousa e João Almeida, teve em conta os critérios da qualidade técnica, relevância, originalidade, criatividade e profundidade, adaptação da narrativa ao meio escolhido, pertinência e actualidade do tema/assunto, potenciais impactos/repercussões no comportamento individual e na mobilização social.
Este ano, informou, houve uma ligeira diminuição dos números de candidaturas, face ao ano anterior (28 candidaturas em 2018 contra 22 em 2019), mas não obstante essa diminuição foram apresentados 35 trabalhos.
“O júri reconheceu ter havido um incremento da qualidade em termos estéticos e técnicos, tendo igualmente enaltecido a pertinência, a importância e o relevante interesse público dos conteúdos submetidos a concurso”, enfatizou.
O júri destacou ainda a presença maioritária das mulheres no concurso e ainda constaram que, nesta edição, o género reportagem suplantou os restantes géneros jornalísticos previstos no Regulamento do PNJ.
Do total de 35 trabalhos avaliados, dois assumem o formato “programa” e um o género entrevista, todos na categoria “RÁDIO”.
Destes 35 trabalhos, 32 são reportagem, o que para Carlos Santos demonstra uma opção clara dos jornalistas cabo-verdianos pela reportagem, género por excelência do jornalismo de profundidade.
A cerimónia de entrega do prémio aos vencedores terá lugar no último dia do mês de Maio, quando os vencedores vão receber um prémio no valor de 500 mil escudos para cada categoria.