Os gigantes do Ar
Com a ajuda de avançadas tecnologias, homens audaciosos foram capazes de pouco a pouco ver o fruto da sua audácia e capacidade sonhadora. E por isso pode-se concluir que quando o Homem sonhou, não tinha noção do limite do seu sonho. Está provado que o Homem conseguiu vencer e dominar os espaços, colocar nos ares o meio de transporte, segundo dados estatísticos, mais seguro deste planeta. Actualmente, graças à tecnologia, o Homem conseguiu construir os mais sofisticados aviões, cujas grandes referências são provenientes dos dois grandes gigantes mundiais da aviação, a Boeing americana e a Air Bus europeia. As mais recentes inovações recaem sobre os modelos B787 Dreamliner e o gigante A380 da Airbus. O B787 Dreamliner é, neste momento, considerado o avião comercial mais recente e mais económico construído pela Boeing e tem uma capacidade para transpor¬tar entre 200 a 350 passageiros, dependendo do modelo e da configuração do interior da aeronave. Em contrapartida, a A380 é o maior avião da aviação comercial de passageiros da história, capaz de transportar entre 555 e 845 passageiros. Demorou 10 anos a ser construído, custou cerca de 12 bilhões de euros.
O pássaro e o seu Ninho
Em Cabo Verde também sem¬pre houve este sonho. Em Março de 1955, um bi-plano com dois motores, o "Havinlland Dragon Rapid", fez o primeiro percurso Praia/Sal/S. Vicente/Praia. Na origem desta grande iniciativa estava a criação do primeiro Aero Club de Cabo Verde. E assim o país lançou-se na mais complexa, luxuosa e cara indústria do mundo, uma preciosidade destes dez "grãozinhos di terra espalhados no meio do Atlântico" com 4 etapas de referência e visibilidade/credibilidade internacional a saber:
1. Em Março de 1955 é inaugurado o primeiro voo Praia/Sal/S. Vicente/Praia.
2. Em 27 de Dezembro de 1958 é criada a TACV - Transportes Aéreos de Cabo Verde
3. Em 1996, dá-se a primeira revolução da aviação civil em Cabo Verde: a introdução na frota da TACV de um jacto, B757-200, com uma capacidade para 185 passageiros, com uma configuração, 20 lugares na classe Conforte (uma espécie de executiva) e 165 na classe Económica.
4. Em Julho de 2004, dá-se a segunda revolução com a certificação ETOPS da TACV (operações prolongadas em aeronaves de dois motores...), uma das mais prestigiadas qualificações da indústria aeronáutica. Assim, a transportadora Nacional, ganhou qualificação para atravessar o Atlântico com aeronaves próprias. Foi uma janela de opor-tunidades e credibilidade internacional que permitiu ao arquipélago aproximar-se da sua 11ª ilha, a diáspora cabo-verdiana. Um marco importante na história da aviação civil cabo-verdiana. A história repete-se....
5. A terceira revolução que esteve para acontecer e não aconteceu: se em 2004 o sonho de voar continuasse a sua progressão normal, como previsto pelos especialistas do sector, e caso houvesse mais audácia dos decisores, a companhia de bandeira teria encomendado um 787 Dreamliner, nessa altura, mesmo com algum atraso na entrega, eventualmente, o pássaro poderia pisar o solo destas ilhas entre 2013 e 2014. Desta vez, a audácia crioula não funcionou...As consequências da indecisão só ao futuro pertencem...
Em suma, estamos perante o maior desafio destas ilhas: preservar o pássaro mais precioso das nossas ilhas e da região que o homem cabo-verdiano criou há 54 anos... só depende de nós...Cabe ao homem novo a capacidade/incapacidade de melhorar/deteriorar o que foi sonhado, criado e mantido até hoje. Sequestrado durante os últimos quatro anos, resgatado há seis meses, e actualmente no meio do atlântico, numa zona de turbulência muito perigosa, espera-se uma aterragem de emergência a qualquer momen¬to. Existe uma única solução, cabe aos engenheiros, técnicos, pilotos/do ar e de terra salvar o pássaro. Não criemos ilusões...É dever dos mais novos preservar o que herdámos, melhorá-lo, mas nunca deteriorá-lo...a segunda opção é a alienação...desfaz-se enquanto é tempo...
A Globalização e o Direito Aéreo
A aviação rege-se pelas normas do direito público/privado internacional, tem uma linguagem universal e comunica-se em Inglês. Numa abordagem teórica, ainda que simplificada, pode-se dizer que a aviação abriu as portas da globalização, libertou os céus deste mundo e uniu os povos (as liberdades do ar, 1ª à 6ª liberdades), mas pre-servando a soberania completa e exclusiva dos Estados sobre o espaço aéreo que cobre o res¬pectivo território (Conferência de Paris de 1910). E por isso, jamais o mundo será mundo, sem a aviação. Depende da continuação do sonho do Homem e da dimensão da tecnologia para que seja confirmada quando será possível a volta ao mundo em "80 minutos" (Júlio Verne, em 1873). Assim sendo, voltemos à nossa velha questão: "the thinkers, the makers, the sellers" são todos partes do sistema.
A teoria é a primeira fase do sistema e a não aplicação da mesma acarreta custos finan¬ceiros e riscos elevadíssimos. Na indústria da aviação, as boas práticas começam com a teoria. A prática sem a criatividade e flexibilidade doseada e a prática sem a capacidade de decisão em tempo oportuno é uma pura ilusão e acarreta custos e riscos financeiros capazes de destruir qualquer economia. Não basta acreditar nos "pseudos-práticos", artificialmente/virtualmente fabricados para legitimarem a destruição do pássaro. Salvem o pássaro...Salvar o pássaro significa salvar o ninho do pássaro!!!
Na verdade, acreditamos que, no futuro, um dos requisitos fundamentais dos Gestores será a seriedade/honestidade (empresa/país) e um segundo requisito, também de capital importância, será a influência da Cultura na Gestão. Hoje, vigora-se o princípio da Globalização e navega-se nos mares e céus deste planeta via mundo das novas tecnologias e das línguas. It's time.