Turismo, o tesouro mundial

PorJoão Chantre,28 jun 2013 19:29

“A pobreza não é socialismo Ser rico é glorioso”. Deng Xioping

 

O turismo é hoje o tesouro mundial, uma das maiores indústrias do mundo. Segundo o WTTC (World Travel & Turism Council), em 2011, o turismo contribui para 9 por cento do PIB mundial, equivalente a 6 trilhões de USD e criando cerca de 225 milhões de postos de trabalho em todo o mundo. Ainda segundo a mesma fonte, o turismo crescerá a uma média de 4 por cento/ano e contribuirá para cerca de 10 por cento do PIB mundial, o que equivale dizer que arrecadará uma receita de 10 trilhões de USD. Estima-se ainda que em 2022 criará cerca de 328 milhões de postos de trabalho. Cabo Verde não fugirá à regra...

 

As Feiras do Turismo – O planeta representado em forma de stands

“Quem não está, não existe” !!! Quem quer fazer parte do tesouro terá que ir à procura dele. Quem quer ter uma percepção de como o mercado do turismo funciona, terá que visitar uma feira de Turismo, de preferência a BTL em Lisboa, a Feira Internacional de Profissionais de Turismo, a Top Resa em França, a ITB em Berlim, ou a BIT, a Bolsa Internacional de Turismo de Milão, e outras espalhadas pelo mundo. Só visitando estas feiras é que se pode ter uma ideia da grandeza, da complexidade, do luxo e do ambiente que se vive nestes eventos. É o Marketing e a Diplomacia Económica a funcionar no seu pleno. Cada m2 do espaço onde se realizam essas feiras custam centenas de USD e os stands são desenhados e concebidos por designers e arquitectos de renome. A competição é forte e agressiva, vende-se de tudo: a imagem dos países, das cidades, das ilhas, das regiões, a música, a cultura, as companhias aéreas, as pensões, as residências, os hotéis (dos mais modestos aos mais luxuosos), os transportes marítimos, os barcos de recreio e de pesca desportiva... e comunica-se na “língua universal”, o Inglês. Normalmente recomenda-se que o organismo de Turismo, no nosso caso a CI (Cabo Verde Investimentos) comande a operação e reúna no mesmo stand todos os intervenientes do turismo do país, com valências técnica e savoir-faire. Trata-se de uma missão do Estado, não basta assumir o comando como forma de abraçar a oportunidade, receber umas ajudas de custos e fazer uma passeata pelo mundo. Um stand único, um stand do país é, quanto a nós, a forma mais prática e representativa de representar o país nas feiras Internacionais. O stand não deve ser inundado por um tsunami de protagonismo capaz de castrar a eficácia e desvirtuar o objectivo, aumentando os custos individuais e destruindo sinergias. No stand, deve-se falar uma única linguagem, a mais básica linguagem do comércio internacional: promove-se e vende-se…

 

O país da Cesária Évora aos olhos do mundo

As coisas boas devem ser sempre recordadas, as nossas referências são a nossa razão de existência. Até agora a nossa grande sorte é sermos filhos de quem somos, o país da Cesária Évora, a imagem mais trabalhada e vendida destas ilhas paradisíacas. Internamente poucos valorizam esta dádiva, mas internacionalmente vale o que vale, vale milhões de USD. A morte da Diva, vai despoletar uma nova vaga de músicos nas ilhas, e eventos como o Kriol Jazz Festiva/AME/Festival da Baía das Gatas repensado/com novo rosto, o Novo Festival da Gamboa/ Festival de Santa Maria/Sete Sois Sete Luas e agora o futebol poderão servir de grandes montras para uma maior notoriedade do país no mercado Turístico/ Cultural/Musical Mundial.

 

O Turismo, a Economia, a Promoção e a Municipalidade

O turismo é neste momento considerado o motor da economia de Cabo Verde. No momento em que a nossa economia apresenta sinais de estagnação, um nível de endividamento público elevado/preocupante (85% do PIB), com quedas consideráveis nas remessas dos emigrantes estimadas em 23 por cento comparativamente ao período homologo de 2012, com o IDE (Investimento Directo Estrangeiro) em queda livre, estimado em cerca 40 por cento comparativamente ao ano de 2010 e os empréstimos concepcionais com tendência a desaparecerem, devido ao upgrading de país de rendimento baixo para país de rendimento médio, resta-nos o Turismo como uma das poucas alternativas de curto-médio prazo para fazer crescer a economia. Que o turismo nos abençoe e nos defende dos males daqueles que ainda não compreenderam que ela é nossa galinha de ovos de ouro e, por isso, ela deve ser acarinhada e preservada. Não pode ser engolido pelos cépticos, bloqueado pelos burocratas e afugentado pelos tax huters ou pelos Kaçu Bodys sob pena de estrangularmos a economia.

 

“Mais do que uma questão de Gestão, é uma questão educacional”, Deming, o pai da qualidade “Queremos um turismo de qualidade, queremos um turismo de valor acrescentado”.

Nada mais falso, a afirmação é nobre, mas vaga. O turismo, por natureza, é uma indústria muito diversificada, dinâmica e abrangente. Cabe a nós definir o que entendemos por qualidade, preparar, trabalhar/procurar essa qualidade. Nota-se algum equívoco no tratamento dessa matéria e por isso é necessário um melhor equacionamento, estudos e enquadramento. Nascido nos Estados Unidos, em Sioux City, Iowa, a 14 de Outubro de 1900, o Pai da Qualidade Deming, encontraria a sua terra prometida, o Japão, depois da segunda guerra Mundial, para implantar os estudos/cultura da qualidade. A qualidade está na mente, a qualidade é um investimento e por isso nunca deve ser vista como um custo, constrói-se.

Contudo, dá para entender que, em termos teóricos, há vontade/ necessidade de investir/diversificar, atrair outros mercado (s), nomeadamente o Leste Europeu e o Norte da Europa, bem como outros segmentos em direcção às ilhas de características muito especificas e que fogem do produto sol e praia. E de uma vez por todas há necessidade de enquadrar devidamente a nossa diáspora como um dos nichos de luxo para o nosso turismo. A Cidade Velha em Santiago, hoje Património da Humanidade e o acordar dos Leões do Norte e do Sul, ou seja, a ilha das montanhas, tida actualmente como “the dream land” e a ilha do Vulcão, que nos próximos tempos vão atrair povos deste mundo e nichos de mercado com alto valor acrescentado para a economia e o IDE (Investimento Estrangeiro) sobretudo no ramo do Ecoturismo onde há cada vez maior procura no mundo para esse tipo de turismo, são exemplos práticos de como poderemos diversificar a nossa oferta. Santo Antão por ser uma das ilhas de maior autonomia no país (já o foi no passado), será um dos maiores pólos de desenvolvimento do pais, não só atraindo uma emigração nacional bem como internacional, creio nós num horizonte de dez anos. Ora, para que isso aconteça, teremos que evocar a história, inverter a marcha e acreditar no futuro para que esse futuro não seja constantemente adiado. Zonas como Paúl, Corda, Vale da Ribeira da Torre e a Cidade do Porto Novo (o espaço urbano mais promissor do país), serão vistos brevemente como tesouros deste país. A história vai repetir-se, o tempo vai esclarecer as dúvidas, para quem ainda as tiver. Nada cai do céu. Enquanto isto, é importante assegurar o turismo que existe neste momento, tido como a base do nosso turismo, e se possível, fazer melhor, fazê-lo crescer. Somos um país de grande diversidade, temos sol, mar, praias, montanhas, vulcões, paisagens, história, cultura, música, futebol, carnaval, ingredientes necessários para atrair a nossa quota-parte do turismo mundial e arrecadar receitas suficientes para financiar as nossas infraestruturas e gerar empregos. Para isso, precisamos de ferramentas necessárias para a promoção do nosso turismo. Cada cidade, cada município deste país terá que conhecer o(s) seu (s) produto (s), desenhar o (s) seu (s) produto (s) e comercializá-lo directamente via Web-site no mercado internacional. Esta é a janela das cidades/regiões/país. Será este o papel das TiCs, caso as TICs se libertem da asfixia do NOSI e dê voz e liberdade no que os cabo-verdianos são bons, criatividade e design, um dos pilares do sucesso do mundo contemporâneo. Existem ainda uma necessidade imperiosa para investimentos na formação, nomeadamente em escolas de turismo, na formação e na qualificação dos mais jovens, savoir-faire (serviços sobretudo) e incentivos equilibrados aos IDE (Investidores estrangeiros/nacionais/ diáspora).

Em suma, os tempos mudaram, a margem de manobra para financiar a nossa economia diminuiu, as incertezas aumentaram, os recursos estão a escassear, por isso resta-nos a criatividade e a inovação para que possamos competir num mundo cada vez mais globalizado. Teremos ainda que reconhecer os nossos erros do passado e corrigi-los. Não há nenhum país que cresça/desenvolva sem uma pequena/grande indústria ou sem uma pequena/grande agricultura. Teremos que proteger as elites pensantes, reconhecer o maior investimento até agora feito no país, o homem cabo-verdiano (Educação-1917 a 2013), com formação diversificada, técnica/cultural/linguista/ globalizada nos quatro cantos desse planeta (luxo), para que possamos unir os esforços e criar sinergias para o bem-estar e felicidade deste povo maravilhoso, dividido pela política, mas unido pela força da música e do futebol. O desenvolvimento está na mente’It´s time.

 

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Autoria:João Chantre,28 jun 2013 19:29

Editado porExpresso das Ilhas  em  31 dez 1969 23:00

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